“Fica comigo para sempre a mágoa de ter sido obrigado a dispensar colegas”
Eugénio Pina de Almeida falou com O MIRANTE e fez um curto balanço dos seus oito anos como presidente do IPT.
Eugénio Pina de Almeida presidiu, pela última vez, à Sessão Solene de Abertura do Ano Lectivo do Instituto Politécnico de Tomar (IPT). Após dois mandatos de quatro anos à frente dos destinos da instituição, o responsável não pode voltar a recandidatar-se.
Na presença do Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o responsável abordou o tema das assimetrias geográficas que, por sua vez, marcam as desigualdades na vida das instituições de ensino superior. A desadequação da oferta formativa no ensino superior foi outra preocupação apontada.
Já em jeito de despedida, Eugénio Pina de Almeida, lançou algumas questões aos colegas: “O que pode ser feito para reforçar o tecido económico do Médio Tejo? Temos conseguido adaptar os métodos de ensino e ajudado os nossos alunos a aprender? Seremos, também nós, atirados para a irrelevância?”.
Para João Sobrinho Teixeira, Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, é imperativo uma mudança radical no sistema de ensino dos politécnicos. Defende um sistema baseado na realidade, ou seja, menos teoria dentro das salas de aula e mais prática fora delas. “Temos que levar os alunos para a rua, para perceberem a realidade dos problemas das empresas e estabelecer uma conexão entre o que é ensinado, o que é aprendido, para começarem a fazer parte integrante da solução para esses problemas”.
O MIRANTE aproveitou a oportunidade para colocar algumas questões a Eugénio Pina de Almeida:
Que balanço faz destes 8 anos?
Não gosto de fazer balanços, deixo essa tarefa para os meus colegas.
Qual foi a decisão mais difícil que teve que tomar?
Calhou-me em sorte ter tido o privilégio de dirigir esta instituição durante um dos piores ciclos da economia portuguesa. Nunca vou esquecer e fica comigo, para sempre, a mágoa de ter sido obrigado a dispensar colegas. Eram pessoas. Eram amigos. Eu conhecia a realidade das famílias em alguns casos. Custou-me muito e marcou-me profundamente.
O IPT contrariou a tendência nacional e conseguiu uma ligeira subida no que respeita à entrada de novos alunos. Como comenta?
Podia ter corrido melhor, mas não foi mau! Temos que mudar alguns aspectos internos, para continuar a atrair mais jovens.
E no que respeita à inserção no mercado de trabalho dos alunos que aqui terminam os cursos. Como está a taxa de empregabilidade?
Todos os anos temos um observatório que faz esse estudo e, em média, a nossa taxa de inserção no mercado de trabalho, em 6 meses, ronda os 84% a 88%.
Sente que ficou alguma coisa por fazer?
Saio com o sentido de dever cumprido, mas claro que fica sempre algo por fazer, porque não tive tempo ou oportunidade para o fazer. Sinto que podia ter dedicado mais tempo ou preocupação à questão da adequação dos novos métodos de ensino, a um novo público-alvo. Não tive o tempo necessário para motivar os colegas para este tema emergente.