Tinha medo de ser roubada e perdeu tudo o que tinha na Caixa Agrícola da Chamusca
Deolinda Castelo é uma das lesadas no assalto ao banco e não acreditava que fosse fácil entrar nas instalações. Emigrante em França, Deolinda Castelo, 45 anos, natural de Paço dos Negros, Almeirim, viu a sua casa ser assaltada em 2013 e com medo de vir a ser novamente vítima de roubo, decidiu meter todo o ouro e prata que tinha num cofre na Caixa Agrícola, pelo qual pagava 250 euros anuais. No dia 17 o banco foi assaltado durante a madrugada e, só Deolinda, perdeu mais de 50 mil euros.
Deolinda Castelo tinha colocado à guarda da Caixa Agrícola da Chamusca todos os seus bens mais valiosos, sobretudo ouro, antes de emigrar para França há cinco anos, e nunca imaginou que o banco pudesse ser assaltado e que perdesse tudo. Natural de Paço dos Negros, Almeirim, Deolinda faz parte do grupo de duas dezenas de lesados que perderam tudo no assalto às instalações da caixa, na madrugada de 17 de Novembro, estimando que o seu prejuízo se situe em mais de cinquenta mil euros, sem contar o valor afectivo de muitas das peças.
A emigrante, que trabalha em fábricas francesas de fruta, tem ligado para a caixa a perguntar novidades, mas até agora o que consegue é a garantia da instituição bancária, fundada há 89 anos, de que há um seguro que vai ressarci-la. Deolinda, que tinha colocado os bens no cofre com medo de assaltos à sua residência, até porque já tinha sido vítima de um assalto em 2013, tendo ficado sem um computador portátil, não acredita que o seguro cubra todo o valor que tinha. Neste momento, a pedido da caixa, já enviou uma relação dos bens, entre artigos em prata e ouro, muitos dos quais lhe tinham sido oferecidos, bem como uma colecção de moedas e notas antigas.
No cofre estavam todos os bens valiosos de Deolinda, do marido e do filho. Só um dos fios do marido foi avaliado há uns anos em cerca de três mil euros. Teve conhecimento do assalto no próprio dia através da notícia de O MIRANTE e até ligar na segunda-feira para a caixa, onde lhe confirmaram a situação, não acreditava que fosse possível roubarem os cofres. Tinha o último cofre, com o número 24, numa sala com videovigilância e com sistemas de segurança que a deixavam tranquila, como alarmes e uma porta blindada com abertura retardada. “O meu marido duvidou da notícia porque achava que era impossível os cofres serem assaltados”, desabafa.
De todos os bens que depositou no cofre, só se salvou a aliança de casamento que retirou recentemente, quando veio uns dias à terra. Os clientes que tinham cofres na Caixa Agrícola da Chamusca pagavam entre 200 e 300 euros por ano para que o banco lhes guardasse os bens. “Nunca pensei que os meus valores pudessem desaparecer de um banco”, desabafa a lesada. Deolinda, 45 anos, conta que houve uma altura que teve dificuldades e que conseguiu evitar vender parte do ouro, prevalecendo o valor afectivo, como artigos que lhe tinham sido dados pelos pais, e outros que foram presentes pelo nascimento do filho, para agora ficar sem tudo.
Caixa em silêncio
A Caixa Agrícola da Chamusca tem-se remetido ao silêncio e só dá explicações aos lesados. Nunca no concelho se tinha assistido a um assalto com características sofisticadas, das que só se vêem nos filmes. Na região este assalto só é comparável a um que ocorreu num armazém grossista em Almeirim, há três anos, de onde os ladrões levaram cerca de 40 mil euros de um cofre que cortaram com raios laser, depois de terem desactivado alarmes sofisticados.
Recorde-se que os ladrões entraram na caixa pelo telhado e conseguiram eliminar os sistemas de segurança. Os vizinhos não deram por nada e como o assalto ocorreu de madrugada, às 03h00, também não havia vivalma nas ruas da terra. Os sistemas de alarme tinham sido renovados há dois anos, segundo apurou O MIRANTE, que soube também que foi um técnico de informática de uma empresa que presta serviço à caixa que deu o alerta. Ao achar estranho que o sistema de operações bancárias por via informática estivesse inoperacional há horas.