Afonso Costa, 59 anos, ex-presidente da Junta de Alverca, eclipsou-se da vida política desde que perdeu as últimas eleições em 2017 para a CDU e nunca se sentou nas sessões da assembleia de freguesia para defender os interesses das 4.926 pessoas que votaram nele.
Depois de 12 anos a liderar a junta, o autarca não terá convivido bem com a ideia de trocar de cadeiras e sentar-se nas mesas da oposição. Por isso, apresentou um pedido de suspensão de mandato e nunca compareceu em nenhuma sessão pública da assembleia de freguesia para onde foi eleito. Agora, sabe O MIRANTE através de fonte na concelhia socialista, estará para Abril a renúncia total ao mandato.
A única presença formal do autarca em cerimónias públicas desde a derrota eleitoral aconteceu na tomada de posse, em Outubro de 2017, para depois desaparecer completamente e não prestar contas aos eleitores que lhe confiaram o voto. Afonso Costa, editor de audiovisuais de profissão, ficou desempregado logo após a saída da junta de freguesia e encontrou emprego na área da educação ambiental na empresa Valorsul, responsável pelo tratamento e valorização dos resíduos sólidos urbanos dos concelhos de Amadora, Lisboa, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira.
Afonso Costa conseguiu acabar com a liderança da CDU na junta de freguesia em 2005. Prometia ventos de mudança em temas como o ambiente, acessibilidades e dinamização do comércio. Mas as promessas tardaram em ser cumpridas e, com os anos, a sua gestão foi perdendo fôlego. Especialmente depois da agregação com a vizinha localidade do Sobralinho. Os problemas da freguesia foram-se acentuado e a falta de respostas da junta permitiu à CDU ganhar força, apresentando alternativas e encostando Afonso Costa às cordas sem que este conseguisse reagir. Tudo culminou numa derrota que marcou as últimas autárquicas naquele concelho e que continua a gerar amargos de boca na concelhia do Partido Socialista.
Na última convenção autárquica daquele partido, no sábado, 23 de Fevereiro, ouviu-se o lamento pela perda de Alverca. Afonso Costa só compareceu a essa convenção no período da manhã para visitar algumas obras realizadas pela câmara e ausentou-se da parte da tarde.
Mesmo sem a presença de Afonso Costa na sala, Maria da Luz Rosinha, ex-presidente de câmara, deputada e secretária nacional para as autarquias, mandou-lhe o recado no seu discurso de encerramento. Avisou que doravante é preciso muito cuidado com a escolha dos protagonistas que avançam para as corridas eleitorais, confessando que perder uma freguesia importante como Alverca não é algo que se esqueça de um dia para o outro. Sempre sem falar no nome de Afonso Costa, lembrou que perder Alverca para a CDU merece uma reflexão. E lembrou que um autarca não tem de estar sempre no gabinete, mas antes na rua, entrar nos cafés e falar com as pessoas que serve.
O MIRANTE contactou telefonicamente Afonso Costa mas o autarca, depois de saber o que tínhamos para lhe perguntar, recusou dar esclarecimentos. Ficaram por responder, entre outras, as perguntas às declarações de Maria da Luz Rosinha na convenção do PS e porque não comparece às reuniões do órgão para o qual foi eleito.