Fátima tem apenas 50 por cento de território com saneamento básico
Freguesia que recebeu cerca de sete milhões de visitantes em 2018 pertence a um concelho com uma das taxas mais baixas de cobertura de rede de esgotos.
A freguesia de Fátima, concelho de Ourém, que todos os anos recebe milhões de turistas e peregrinos vindos de todo o mundo, tem apenas 50 por cento de taxa de cobertura de saneamento básico, sendo que a maior parte dessa cobertura está no aglomerado urbano da freguesia. A zona rural praticamente não tem saneamento.
A informação foi dada a O MIRANTE pelo presidente da Câmara de Ourém. Luís Albuquerque (PSD) explicou que pretendem requalificar a Estrada de Minde até ao limite do concelho assim como a localidade de Boleiros. “Com a criação da nova empresa intermunicipal esta é uma das nossas prioridades para o concelho e será das primeiras candidaturas a submeter aos fundos comunitários”, referiu.
O presidente da ACISO (Associação Empresarial de Ourém-Fátima), Domingos Neves, que também é empresário na área da saúde, defende que era um dever dos políticos que passaram pela Câmara de Ourém terem dado prioridade ao saneamento. “É doloroso aceitar e admitir que metade do concelho de Ourém não tenha saneamento básico”, referiu.
A presidente da Assembleia de Freguesia de Fátima, Carina João Oliveira (PSD), afirmou que os diversos executivos que passaram pela Câmara de Ourém ao longo dos anos desaproveitaram os fundos comunitários, que poderiam ter sido dirigidos para o saneamento básico, porque esse investimento não dá votos nas eleições. A autarca diz que a criação de saneamento dá chatices, até para os próprios moradores, e por isso foi algo que foi sempre sendo adiado. E reforça que os políticos aproveitaram as situações para se demitirem das suas responsabilidades, como foi o caso do anterior executivo socialista.
Metade da rede de saneamento de Ourém está por fazer
O concelho de Ourém tem 47 por cento de área coberta com rede de saneamento, um valor muito abaixo da média nacional, sublinhou Luís Albuquerque em sessão camarária e durante a última assembleia municipal, que decorreu na semana passada. O autarca referiu que espera, com a criação da nova empresa intermunicipal de água e saneamento, conseguir que o município de Ourém receba um montante de cerca de 9,5 milhões de euros. A empresa intermunicipal, denominada Tejo Ambiente, é constituída pelos municípios de Tomar, Ourém, Mação, Sardoal, Vila Nova da Barquinha e Ferreira do Zêzere.
Gestão socialista falhou projecto de saneamento básico
Em 2012, durante o mandato de Paulo Fonseca (PS), a Câmara de Ourém lançou um concurso para concessionar a privados o serviço municipal de saneamento básico, que previa um investimento na ordem dos 48 milhões de euros até 2030. Segundo o ex-vereador José Alho (PS), o projecto ficou pelo caminho por não ter havido empresas suficientes a candidatarem-se às obras. Diz ainda o ex-vereador que tomaram uma boa decisão porque “houve uma diminuição de mais de 10% da população no concelho”, dados que tinham sido ignorados pelo INE (Instituto Nacional de Estatística) e que não batiam certo com os Censos de 2011. José Alho não assumiu as culpas políticas no falhanço do seu executivo e justificou-se dizendo que a culpa foi da conjuntura económica do país e da crise que se vivia.