Casa do Povo de Manique do Intendente desvia verba para pagar dívidas
Apropriou-se de subsídio de 3.080 euros destinado à secção desportiva, que se viu obrigada a cessar actividade. Pedro Moita, presidente da direcção, diz que a IPSS vive momentos difíceis e que o dinheiro foi usado para pagar outras despesas. Câmara de Azambuja condena situação e adianta que o subsídio serviu para custear actividades desportivas.
A direcção da Casa do Povo de Manique do Intendente apropriou-se de uma verba de 3.080 euros atribuída pela Câmara de Azambuja para apoiar as actividades desenvolvidas pela secção desportiva da instituição. Envolvendo mais de uma centena de atletas, 30 deles federados, a secção desportiva dinamizada por uma comissão de gestão autónoma, viu-se obrigada a cessar actividade por força da apropriação do subsídio.
A situação foi denunciada a O MIRANTE por Bruno Alves e Ricardo Narciso, membros da comissão de gestão do clube e do pavilhão polidesportivo da Casa do Povo de Manique do Intendente, que consideram a situação um acto de abuso de poder por parte da direcção da IPSS. “Trata-se de uma verba destinada à prática desportiva que a direcção canalizou para pagar as suas dívidas, deixando o clube sem hipóteses de sobrevivência”, refere Bruno Alves.
A O MIRANTE, Pedro Moita, presidente da direcção da Casa do Povo, admite que a verba foi utilizada para pagar outras despesas da IPSS, que acumula dívidas na ordem dos 30 mil euros. “Estamos com dificuldades financeiras, logo não podemos suportar custos de um clube que devia ser autónomo, afirma Pedro Moita, atirando culpas à comissão de gestão por “gerir o pavilhão e o clube a seu bel prazer sem dar contas à casa mãe”.
De acordo com Pedro Moita, a actual direcção sugeriu à comissão de gestão que criasse um clube desvinculado da IPSS, mas esta não aceitou. Bruno Alves justifica dizendo que não tinham meios financeiros para tal e que as equipas já eram conhecidas por aquele nome.
O clube era constituído por equipas de vários escalões nas modalidades de futsal, karaté, ciclismo, ginástica e dança e sobrevivia apenas com o subsídio atribuído pela Câmara de Azambuja. Todos os anos era apresentado um plano de actividades à autarquia, que transferia para a Casa do Povo esse subsídio, cujo valor variava consoante o número de modalidades e atletas inscritos. Com esse dinheiro pagavam-se os seguros dos atletas, deslocações para provas desportivas e manutenção do pavilhão, explica Ricardo Narciso. “Não somos insensíveis às dificuldades financeiras da Casa do Povo, mas ficarem com dinheiro que não lhes estava destinado não é correcto”, acrescenta.
Direcção atira culpas à câmara
Para além de ter sido utilizado pelo clube da Casa do Povo, o pavilhão polidesportivo também serve a comunidade escolar daquela freguesia que ali realiza aulas de educação física, mediante um protocolo estabelecido entre a IPSS e a Câmara de Azambuja. Para Pedro Moita a verba transferida pelo município azambujense “não cobre, de maneira nenhuma, as despesas de água e de luz” que resultam da utilização daquela infra-estrutura durante as actividades escolares. “As contas que pagamos são superiores ao valor transferido para suportar essas despesas”, diz o dirigente para justificar que esta apropriação é “um ajuste de contas interno”.
A Câmara de Azambuja desmente. Em resposta a O MIRANTE, o presidente Luís de Sousa refere que a autarquia paga “em função dos alunos que utilizam aquele recinto desportivo e ainda disponibiliza dois funcionários para fazer limpeza do espaço”. Sobre o esquema de acerto de contas, o presidente da câmara condena a situação, frisando que o subsídio de 3.080 euros só “foi transferido para a Casa do Povo porque esta apresentou um plano de actividades desportivas”.