“É importante projectarmos o futuro e o sector do turismo é fundamental para o nosso concelho mas temos que apostar em outras áreas, combinando a tecnologia com cultura e humanidade. É o que temos feito nos últimos anos. É um processo longo, que nunca está terminado mas que começa a dar frutos”. A frase é da presidente da Câmara de Tomar, Anabela Freitas (PS), e foi proferida durante o discurso na sessão solene do Dia da Cidade, que decorreu na sexta-feira, 1 de Março, no Cine-Teatro Paraíso.
A autarca referiu que desde Outubro de 2017 foram criadas 65 novas empresas e que o parque empresarial de Tomar já só tem três lotes disponíveis. “Finalmente estamos em condições de avançar com a requalificação do parque empresarial, onde vão ser os empresários a escolher o projecto a implementar”, disse. Anabela Freitas sublinhou ainda a importância de trabalhar em rede com outros municípios e entidades, afirmando que só assim será possível ter resultados e que quem ganha com essas sinergias são os territórios e a região.

Críticas e alertas da oposição
Os líderes das bancadas na Assembleia Municipal de Tomar, que também discursaram, deixaram algumas críticas à actuação do executivo municipal de maioria socialista. Lurdes Ferromau (PSD) lamentou a falta de políticas relacionadas com a juventude com vista à fixação de população. Também as descargas poluentes no rio Nabão foram recordadas. Para Paulo Macedo, líder da bancada da CDU, além da aposta no turismo, Tomar poderia transformar a sua componente cultural num eixo estratégico e, dessa forma, ser um motor de desenvolvimento do concelho.
O presidente da União de Freguesias Serra e Junceira, Américo Pereira (movimento independente), criticou a falta de capacidade dos autarcas em rever o Plano Director Municipal (PDM), o que tem condicionado o desenvolvimento económico de Tomar. A eleita do BE, Maria da Luz Lopes, lembrou que o concelho tem perdido população, sobretudo na zona antiga e nas zonas rurais. “Há que criar empregos para evitar a desertificação”, disse.

Director da PJ recordou infância feliz em Tomar
Todos os anos a Câmara de Tomar homenageia várias personalidades e entidades que se destacaram ao longo do ano. A Medalha de Ouro foi atribuída ao actual Director Nacional Adjunto da Polícia Judiciária, Carlos Farinha. O inspector recordou a sua infância “feliz” em Tomar, os mergulhos na Piscina Vasco Jacob ou no rio Nabão. “Foi em Tomar que aprendi o valor da amizade genuína. Foi em Tomar que cresci e sou agora muito mais devedor depois desta distinção”, disse.
Patrícia Sampaio, Luís Mota, Manuel Dias, Carlos Carmo e Artur Matos foram distinguidos com a Medalha Municipal de Valor Desportivo e todos agradeceram a homenagem. O antigo jogador do União de Tomar, António Fortes, de 80 anos, distinguido com a Medalha de Mérito Municipal, subiu ao palco, apesar das dificuldades físicas, para agradecer o prémio e confessou o desejo de conseguir ver o União de Tomar, o seu clube do coração, nos campeonatos principais de futebol.
José Corvêlo de Sousa, um dos fundadores da Canto Firme, recebeu a Medalha de Mérito Municipal e confessou que a sua paixão sempre foi a música. Por isso criou a Canto Firme e a banda Filarmónica Fraude, nos anos 70 da década passada. Coordenador da Casa-Museu Lopes-Graça, lamentou que o projecto esteja parado. “Tenho esperança que se possa fazer alguma coisa. Estou disponível para ajudar porque Lopes-Graça é uma das personalidades mais importantes da cultura portuguesa”, disse.
O director do Festival Bons Sons, Luís Ferreira, agradeceu a distinção e afirmou que a aldeia de Cem Soldos lhe deu a lição de fazer diferente. Foram ainda distinguidos com a Medalha de Mérito Municipal: Carlos Trincão António, Joaquim Ferreira Marques, Restaurante Chico Elias, Restaurante Bela Vista, Restaurante A Lúria, Ribasabores – Indústria de Carnes, Tonera Metalomecânica. Com a Medalha de Altruísmo e Valor Municipal foram homenageados o Padre Leopoldo Gonçalves, Maria Teresa Vasco (a título póstumo), Maria Helena Mota Lima e Manuel Subtil.

Palco sem acesso a pessoas com mobilidade reduzida

A homenagem ao atleta de canoagem paralímpico Carlos Carmo mostrou as fragilidades do Cine-Teatro Paraíso, pois só é possível aceder ao palco através de escadas. Como Carlos Carmo se desloca em cadeira de rodas tiveram que ser o presidente da assembleia municipal, José Pereira, e Anabela Freitas a descer as escadas e fazerem a homenagem na plateia. A presidente do município lamentou a situação.
Também Manuel Subtil, que sofre de esclerose múltipla e tem dificuldade em locomover-se, tinha feito referência, durante a sua intervenção, para que se arranjassem alternativas às escadas que são entraves a quem tem mobilidade condicionada.