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Homenagem a Salgueiro Maia em Santarém

Hoje os heróis são outros. Futebolistas, cantores, artistas de cinema ou de televisão. Cada tempo tem os seus heróis e em 1974, os portugueses que tinham idade para saber o que era viver num regime onde não havia liberdade política nem liberdade de expressão, nem esperança porque os jovens partiam para a guerra colonial ou para as obras em França, tiveram heróis que derrubaram o regime que era responsável pela miséria em que Portugal vivia.
Foram jovens militares que executaram o golpe de Estado, todos com um papel importante nas operações que se desenrolaram. O mais puro deles todos foi Salgueiro Maia, o capitão Salgueiro Maia. A ele coube-lhe comandar a coluna militar que saiu de Santarém, ocupou o Terreiro do Paço onde ficavam os Ministérios, enfrentou uma coluna militar apoiante do regime de rumou ao Quartel da GNR no largo do Carmo onde se tinha refugiado o chefe do Governo , tendo-o prendido.
A história é conhecida e convém não ser esquecida. Muitos nunca lhe perdoaram e ele viveu amargurado até ao fim da sua curta vida. Recusou cargos “políticos”, quis continuar a ser militar. Não foi promovido, andou de quartel em quartel a ocupar cargos de pouca ou nenhuma importância até morrer de cancro.
Deixou uma carta escrita a dizer que queria ser enterrado em campa rasa na sua terra, Castelo de Vide e a pedir aos seus camaradas que lhe cantassem a canção “Grândola Morena” (senha do 25 de Abril) nessa altura para forçar outros que lá foram para a fotografia a fazê-lo também (ou pelo menos a mexerem os lábios como se o estivessem a fazer).
A democracia que temos, por mais imperfeita que seja, só é possível graças aos chamados capitães de Abril que nos deram o poder de escolher em eleições livres, os que nos governam e que nos deram a possibilidade de ser livres. Se não o somos a culpa é nossa. Afinal eles fizeram a parte deles. Todos os anos, muitas vezes ao longo de cada ano, penso nesses jovens e em Salgueiro Maia em particular. O Maia, como era tratado por amigos e camaradas.
João Paulo Lebre

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