Desde criança que Eliseu Oliveira tinha o sonho de construir uma bicicleta em madeira, que fosse diferente das outras. Aos 72 anos realizou esse sonho e apresentou-a aos amigos na sede da Sociedade Instrutiva e Recreativa Vilanovense (SIRV), em Vila Nova, concelho de Tomar.
Demorou mais de um ano a concluir a bicicleta mas não esqueceu nenhum pormenor. Tem sistema de navegação por GPS, relógio e nem falta a buzina. À frente construiu um pequeno avião decorativo e junto aos pedais tem o seu nome desenhado. “Referência” foi o nome que deu à marca da sua bicicleta e está inscrita no veículo. Aproveitou as madeiras de materiais antigos que tinha em casa e já não precisava para dar aso ao seu sonho.
Perfeccionista, fez os punhos da bicicleta duas vezes. Não gostou do primeiro par e refez com outro tipo de madeira. “O primeiro par de punhos fiz com pinho mas não tinha muita ergonomia. Fiz os outros em faia, que é um tipo de madeira mais macia de trabalhar, e foi muito mais fácil. Ficou mais perfeito”, explica a O MIRANTE. Mostra uma pequena faca que diz ter sido o seu braço-direito a trabalhar os pequenos pormenores. Uma grosa serviu para criar as curvas do veículo de duas rodas e o serrote cortou as madeiras. Todos estes materiais, juntamente com os desenhos que Eliseu Oliveira fez antes de começar a construir a sua bicicleta, estiveram em cima de uma mesa comprida colocada na sede da colectividade para os seus amigos verem o trabalho que teve ao longo de doze meses.
Além da faia utilizou outros tipos de madeira como sucupira e pinho. Designer e agente técnico de engenharia reformado, Eliseu Oliveira não escondeu a emoção no dia de apresentar a sua obra de arte, que confessa não ter sido fácil de concluir mas que lhe deu muito prazer. Momentos antes dos amigos chegarem mostrou a bicicleta a O MIRANTE e deu uma voltinha nela. Só os pneus e os pedais é que não são de madeira.
Sonho de ser ciclista ficou pelo caminho
Eliseu Oliveira é um homem dado às artes e já construiu uma guitarra e um suporte para colocar o tablet em madeira. Tem três filhos e três netos e diz que pelo menos um dos netos vai querer muito dar voltas na sua bicicleta nova. É natural da Marinha Grande (distrito de Leiria) e há cerca de 20 anos que vive em Vila Nova, concelho de Tomar. Aos 14 anos foi ciclista do Sporting Clube de Portugal, mas esteve no clube pouco tempo. “Naquela época era muito difícil ser ciclista e também muito perigoso porque as estradas não eram como são hoje. Além disso, a minha mãe estava sempre a chorar porque tinha medo que me acontecesse alguma coisa e acabei por deixar o ciclismo. Só voltei às provas já como veterano. Ainda hoje ando de bicicleta e continua a ser o meu meio de transporte preferido”, confessa a O MIRANTE.