Moradores de Benavente exigem abate de árvores que causam alergias
Caso passa-se na urbanização JJ Candeias dos Santos e afecta alguns residentes. Câmara de Benavente promete agir quando tiver em sua posse testes alergénios que confirmem que as mélias plantadas na urbanização estão na origem das alergias.
Depois de ter ido a duas reuniões de câmara exigir o abate de árvores na zona verde da urbanização JJ Candeias dos Santos, em Benavente, que alega estarem a provocar alergias ao seu filho, Carla Alcaparra diz que o estado de saúde do bebé de 17 meses se tem vindo a agravar nas últimas semanas. “O menino está cheio de borbulhas pelo corpo e acorda aos gritos a coçar-se todo. Acontece sempre que estendo a roupa dele na varanda que fica cheia de pólen daquelas árvores”, refere a moradora.
O bebé deu entrada nas urgências do Hospital de Vila Franca de Xira no dia 3 de Abril e, segundo o diagnóstico descrito no relatório médico a que O MIRANTE teve acesso, a criança apresentava “erupção na pele”. Laurinda Calado, 73 anos, moradora naquela urbanização queixa-se do mesmo desde que ali foram plantadas as mélias. “Nesta altura do ano fico com o corpo cheio de pequenas borbulhas e o meu marido nunca mais teve saúde a nível respiratório. Evito ir à janela e passar junto às árvores”, afirmou a O MIRANTE.
Na resposta à intervenção de Carla Alcaparra em reunião de câmara, o presidente do município, Carlos Coutinho (CDU), respondeu que é política daquela autarquia proceder ao abate de árvores quando devidamente justificado, acrescentando que se justificado por testes médicos que o bebé é alérgico àquela espécie, procederá ao abate de exemplares dessa espécie arbórea.
A O MIRANTE, a Câmara de Benavente esclarece que as mélias - as árvores em causa - foram podadas e encontram-se a mais de três metros das habitações, como determina a lei. Acrescenta ainda que os testes alérgicos devem ser feitos por um médico especialista em alergologia e entregues nos serviços municipais, para que se possa justificar o abate das árvores. Caso não se comprove que a alergia está associada ao pólen das mélias, a “câmara municipal não irá proceder ao abate”, considerando que “as árvores em espaço público são de extrema importância para a área envolvente e para o ambiente”.
Segundo a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), apesar de “ser possível a alergia ao pólen de qualquer árvore, as alergias polínicas mais frequentes em Portugal não são a pólenes de árvores, mas sim a pólenes de gramíneas ou de ervas”, que podem ser transportados pelo ar percorrendo vários quilómetros de distância e podendo causar sintomas em pessoas que estão longe das fontes de emissão polínicas, o que reforça ainda mais a utilidade de as pessoas em questão serem avaliadas por médico especialista em alergologia.