Um algar no quintal
Câmara vai contratar empresa para avaliar o que se passa numa propriedade em Covão do Coelho. Uma forte chuvada em Dezembro último fez o solo abater no logradouro da casa de Graça Castanheira, em Covão do Coelho. Desde aí, o buraco tem aumentado de tamanho, deixando a moradora preocupada por não saber se é seguro o chão que pisa.
No dia 18 de Dezembro de 2018 choveu torrencialmente deixando a descoberto no quintal de Maria da Graça Castanheira um algar - uma cavidade natural que se forma, normalmente, em pisos calcários. O buraco surgiu com alguns centímetros de diâmetro mas entretanto foi alargando e com isso foi também aumentando a preocupação da moradora.
Maria da Graça vive há cerca de 50 anos em Covão Coelho, freguesia de Minde, concelho de Alcanena, em pleno maciço calcário estremenho onde existem muitos algares. “No dia da forte chuvada a água era tanta que saía água por todos os lados do quintal. Quando fui varrer a chuva para evitar que entrasse na garagem escorreguei e parti um braço”, conta a O MIRANTE.
Foi para o Hospital de Abrantes nesse dia e ficou em casa do filho a recuperar durante 40 dias. Quando regressou a casa, onde vive sozinha, o buraco no quintal continuou a crescer e o chão parece estar oco, como a reportagem de O MIRANTE confirmou no local. “Tenho medo de vir para o quintal. Costumo vir para aqui com os meus netos e o meu cão também aqui circula. Os técnicos da Câmara de Alcanena vieram ver o que se estava a passar mas colocaram apenas umas estacas a proteger o local. Tenho medo que volte a chover muito e que o terreno abata ainda mais”, afirma a senhora de 76 anos.
Contactado por O MIRANTE, o vereador Luís Pires, que detém os pelouros das Obras Municipais por Administração Directa e Rede de Águas e Saneamento, explicou que o município não tem a certeza do que se passa. “Já fomos lá com umas mangueiras com mini câmeras de filmar para ver o que se passa no subsolo. O que é certo é que chega a um determinado ponto e não conseguimos ver mais nada. Ou alguém tapou as manilhas de água ou elas taparam-se naturalmente. Vamos ter que descobrir o que aconteceu”, afirma o vereador.
Luís Pires explicou também que contactaram uma empresa especialista em subsolo para perceberem o que deve ser feito. “Não vamos mexer em coisas perigosas e os algares não são para brincar. O algar também pode estar entupido ou tapado. A Câmara de Alcanena vai assumir as obras, por isso vamos fazer as coisas com calma e bem feitas”, reforçou o autarca, que já foi presidente da Junta de Freguesia de Minde e conhece bem os terrenos naquela freguesia. O autarca referiu ainda a O MIRANTE que as manilhas naquele local foram colocadas há cerca de 50 anos e estão velhas, precisando de ser substituídas.
O que é um algar?
O algar é um acidente geológico comum em regiões calcárias, como é o caso da Serra de Aire e Candeeiros. A passagem da água das chuvas dissolve a pedra e, caso a instabilidade do solo não seja acautelada, pode colocar em risco tanto as pessoas como as construções.