uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Praia Doce de Salvaterra atrai lisboetas que fogem das praias à porta de casa
Praia Doce não está classificada mas continua a ser uma preferência para muitos banhistas

Praia Doce de Salvaterra atrai lisboetas que fogem das praias à porta de casa

A reportagem de O MIRANTE, a meio de uma semana de Setembro, esperava um areal e parque de merendas deserto. Mas não foi o que encontrou na Praia Doce, em Salvaterra de Magos. São muitos os visitantes que vêm da zona da capital para mergulhar no sossego do Ribatejo.

A Praia Doce, também conhecida por “praia dos tesos”, em Salvaterra de Magos, é um verdadeiro íman de turistas da zona de Lisboa que procuram o descanso e contacto com a natureza onde a ruralidade ainda predomina. As margens do rio são um escape para conseguir relaxar e tirar da cabeça a imagem das praias próximas da capital, repletas de gente, sem espaço para poder estender uma toalha.
Numa tarde, a meio da primeira semana de Setembro, era de esperar um areal vazio, mas não foi isso que a reportagem de O MIRANTE encontrou. São várias as famílias que fazem dezenas de quilómetros para passar um dia de Verão no Ribatejo. A água do Tejo, com caudal baixo, está repleta de crianças, vigiadas pelos pais que ficam ao fresco debaixo dos salgueiros. Há toalhas estendidas que servem de base para colocar o almoço. Peixe e carne acabadas de assar nos grelhadores do parque de merendas, são levadas em travessas para o areal e o pitéu é devorado ali mesmo. É um ambiente de campismo “à antiga”, entre família, sem mordomias.
Aqui nem é preciso chapéus de sol. Quem quer sombra tem de sobra, quem quer sol também. Óculos de sol, biquini e uma toalha é o que basta para muitos e até ajudam a embelezar o areal. Contudo, nem tudo é um rio de rosas. O parque de merendas estava cheio mas também ali havia pessoas pouco cuidadosas com o lixo que iam fazendo e que o vento ajudava a espalhar pela zona. E também pouco preocupadas com o facto de estarem a tirar o descanso aos demais utilizadores do espaço com a música em altos berros, ocupando o parque como se de sua propriedade se tratasse.
O local não está classificado como praia fluvial. Ainda assim, ao fim-de-semana, quando a afluência de pessoas é maior, o município colocou um vigia da Guarda Nacional Republicana (GNR) e uma equipa permanente de limpeza. Até ao momento, não houve necessidade do vigia actuar para resgatar alguém do rio.
A juntar ao areal no leito do rio, e das sombras dos salgueiros, há ainda uma zona para parque de merendas com mesas, bancos e assadores, bem como instalações sanitárias públicas. Durante o fim-de-semana pode encontrar-se um bar de apoio a vender bebidas e gelados. Para além de ser apetecível para ir a banhos, bronzear o corpo e descansar, há ainda quem se dedique à pesca ou à apanha da amêijoa do rio.
É o caso de Henrique Francisco, natural de Vila Franca de Xira, que aproveitou um dia de férias para rumar até Salvaterra de Magos. Conhece a zona há muitos anos e diz que é sempre um bom destino para passar um ou dois dias. Aproveita para passar tempo “de qualidade” em família e com o cão que parece apreciar tanto o espaço como os seus donos. Aliás, este é outro dos motivos que leva a que muita gente procure mais as praias fluviais do que as de mar: poder levar os animais de estimação.
Henrique Francisco entretém-se a apanhar amêijoas do rio com o filho e diz serem uma maravilha. “Apanham-se muitas aqui”, refere com um saco cheio de amêijoas na mão. Lembra-se de como era a praia antes da autarquia ali ter investido e é peremptório: “Fizeram aqui um belo trabalho para aproveitar este recurso natural”.

“Adoramos o Ribatejo, é uma zona castiça”
Ainda assim, há quem diga que apesar das obras o espaço precisa agora de limpeza e de alguma manutenção, essencialmente ao nível dos assadores. “A culpa também é dos próprios utilizadores. Uns são mais cuidadosos que outros. Deixam o lixo voar e não apanham e é triste ser o próprio ser humano a estragar um local muito agradável”, referem Sérgio Azevedo e Vera Carmo, um casal de Massamá (Sintra), que desde que as obras foram feitas, em 2015, ouviram falar do espaço e todos os anos passam pela Praia Doce duas ou três vezes.
“Gostamos muito porque tem muita sombra e assadores para podermos trazer carne e peixe e assar aqui”, justificam. Acompanhados pelas duas filhas e o cão, passam o dia na natureza “com grande qualidade de vida”. Apesar de não terem qualquer laço familiar ou de amizades na região e pouco mais conhecerem, sublinham: “Adoramos o Ribatejo, é uma zona castiça”.
Outra das banhistas que O MIRANTE encontrou foi Ana Jesus que trocou a azáfama de Oeiras por Benavente, onde reside desde Janeiro deste ano. De todas as zonas ribeirinhas mais próximas, sempre ouviu falar “muito bem” da Praia Doce e confirmou isso mesmo na Internet. “Ao início pensei que a informação que estava a ver era exagerada, mas assim que aqui vim pela primeira vez gostei muito”, refere. A lisboeta aponta igualmente a falta de limpeza e alguma manutenção, mas compreende que depois de um mês de Agosto que foi muito frequentado, “até se entende”.

Sérgio Azevedo e Vera Carmo são uma família de Massamá
Henrique Francisco
Ana Jesus

Areal é reposto todos os anos

A Câmara de Salvaterra de Magos faz todos os anos, pela altura de Maio, a reposição de areia na margem do rio para que o espaço esteja o mais cuidado possível, diz a O MIRANTE João Simões, chefe de gabinete do presidente da Câmara de Salvaterra de Magos. Quanto às questões de necessidade de limpeza do parque de merendas, o responsável refere que apesar de todos os esforços é impossível controlar quem e quando as pessoas por ali passam e ter o espaço sempre limpo.
A 70 quilómetros de Lisboa, esta praia fluvial e zona de lazer foi intervencionada pela primeira vez em 2005 e, posteriormente, em 2015. Foi colocado um extenso areal e feita uma desmatação profunda, que permite agora ir a banhos. Antes das obras de requalificação, a zona tinha mato muito denso que não permitia o acesso ao rio. Com a maré baixa a altura da água fica pelos joelhos de uma pessoa adulta, altura em que são as crianças quem mais aproveita.
Cinco quilómetros mais à frente, a aldeia piscatória de Escaroupim é outra opção para passar um fim-de-semana e aproveitar o Tejo mas de forma diferente. Ali não existe areal, nem é suposto ir a banhos, uma vez que o espaço serve essencialmente de cais para atracar pequenas embarcações de pescadores e de agências de turismo que aproveitam o Tejo para fazerem visitas guiadas.
A Casa Museu Típica Avieira é um espaço criado pelo município, para preservar a memória colectiva desses pescadores, originários de Vieira de Leiria. A aldeia de Escaroupim tem ainda um restaurante a funcionar, um parque de merendas e, a poucos quilómetros, um parque de campismo.

Praia Doce de Salvaterra atrai lisboetas que fogem das praias à porta de casa

Mais Notícias

    A carregar...

    Capas

    Assine O MIRANTE e receba o Jornal em casa
    Clique para fazer o pedido