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Beatriz Ferreira é campeã do mundo de triatlo e representa o clube da Golegã
Beatriz Ferreira com o treinador da secção de triatlo do Núcleo Sportinguista da Golegã, Pedro Quintela

Beatriz Ferreira é campeã do mundo de triatlo e representa o clube da Golegã

Tem 18 anos e é a atleta de quem se fala por ter conquistado recentemente o campeonato do mundo de Triatlo Xterra, no Havai. A atleta veste a camisola do Núcleo Sportinguista da Golegã e considera-se trabalhadora e muito focada em atingir os seus objectivos. Mas garante que o desporto não é tudo na vida.

O MIRANTE foi conversar com a menina que no dia 27 de Outubro ganhou um campeonato do mundo de triatlo. Beatriz Ferreira tem 18 anos, olhos verdes e recebeu-nos com uma postura aparentemente tímida para quem algum tempo antes tinha acabado de se tornar campeã do mundo. Para atingir a meta em primeiro lugar, Beatriz Ferreira nadou 1.500 metros, pedalou 35 km e correu 10 km de trail em 3h45:49, na prova mais emblemática do circuito mundial de Xterra que consagra os campeões do mundo das diferentes categorias.
A conversa com O MIRANTE decorreu no complexo das piscinas da Golegã e Beatriz Ferreira chegou acompanhada pelos pais e por Pedro Quintela, treinador da secção de triatlo do Núcleo Sportinguista da Golegã. Foi pelo ambiente familiar que começámos a conversa. O pai de Beatriz diz-lhe todos os dias para não perder a humildade e ela faz questão de seguir o conselho à risca.
“Gosto do reconhecimento, mas não é por ser campeã do mundo que vou mudar a minha personalidade e deixar de ser quem sou”, afirma a jovem para explicar que as grandes conquistas a fazem querer tentar ser sempre melhor e trabalhar mais ainda. “Acreditar e lutar são as palavras-chave que definem os grandes atletas e as grandes pessoas e esse é o meu pensamento quando estou a treinar ou a competir”, diz.
Beatriz Ferreira, natural do Pombalinho, Golegã, começou a praticar triatlo aos 14 anos, depois de umas breves passagens pelo mundo da patinagem artística e do futebol. “Nunca me interessei por essas modalidades. Quando experimentei o triatlo senti amor à primeira vista”, conta com um sorriso.
O triatlo não é o único amor de Beatriz. A atleta gosta de cultivar a amizade, tem namorado e uma vida familiar cheia de amor que lhe permite o apoio nesta aventura de desportista que não pode ser tudo na vida para quem ainda está na idade dos estudos obrigatórios. Apesar de admitir que os seus pais muitas vezes são “chatos” quando a mandam estudar mais, reconhece que sempre foi boa a conciliar o desporto com a sua vida social e que tem tempo para tudo. “É uma questão de organização e planeamento. Se tenho que treinar não posso estar com os meus amigos. O segredo está em saber aproveitar bem os momentos que tenho com eles”, refere, afirmando que ser atleta a obrigou a crescer mais rápido, a tomar decisões, embora não sinta que a adolescência lhe tenha passado ao lado.
Para a atleta o desporto é muito importante para viver feliz mas este ano está a fazer melhoria de notas para se poder candidatar a um trabalho na área militar. Quando o jornalista a desafiou a imaginar a sua vida daqui a cinco anos, a resposta foi assertiva: “Gostava de estar a terminar o meu curso. Estar sempre a pensar no futuro vai distrair-me do que preciso de fazer no presente para chegar mais longe”.
Ser atleta de alta competição e atingir grandes resultados exige trabalho de equipa. É dentro de uma família que Beatriz se sente como atleta do Núcleo Sportinguista da Golegã. A relação com o seu treinador de sempre, Pedro Quintela, não podia ser melhor. “É mentira que entre atleta e treinador não possa existir uma amizade. Falo com ele sobre todas as situações do meu dia-a-dia. Ele ajuda-me quando preciso. Tem que existir amizade e preocupação entre ambas as partes”, conta, admitindo que ainda assim não se livra de uns puxões de orelhas quando anda mais preguiçosa.
Beatriz Ferreira tem um irmão mais novo com quem gosta de andar de patins, mas tem muitos outros passatempos. “Gosto de ver filmes, ir ao teatro e passear. Não gosto muito de ler, mas às vezes tem que ser”, desabafa, para explicar que faz tudo o que as pessoas normais fazem, embora com um pouco mais de sacrifícios. “Tenho que me privar de muitas coisas. Na alimentação também, mas que ninguém me tire as bolachinhas ou a lasanha de que tanto gosto”, afirma a sorrir, ao mesmo tempo que pede ao treinador para tapar os ouvidos.
Beatriz é directa quando lhe perguntamos que conselhos daria aos jovens que sonhem chegar ao topo: “Os mesmos que dou a mim própria. Acreditem no que fazem. Foquem-se nos vossos objectivos. Não há nada impossível de atingir”.

Há falta de jovens atletas

Pedro Quintela é professor de Geografia e treinador de triatlo no Núcleo Sportinguista da Golegã. A residir na Chamusca, começou a correr e a pedalar para melhorar a apneia na prática de caça submarina. Entretanto surgiu o triatlo e num instante a modalidade tornou-se uma doutrina por ser, segundo Pedro, um desporto altamente viciante.
Para o professor e treinador estas duas profissões confundem-se porque ambas têm uma componente pedagógica muito grande. “Tento sempre que os meus alunos e atletas se sintam interessados no que fazem”, afirma explicando que não há receitas para se fabricar campeões. “Para haver sucesso tem que existir um grande comprometimento e paixão entre quem planeia e quem executa. Depois a capacidade de trabalho, consistência e talento são os factores principais para se alcançarem resultados”, refere garantindo que o papel do treinador é importante, mas o ónus tem que estar no atleta.
Pedro Quintela considera o Núcleo Sportinguista da Golegã uma referência nacional no que diz respeito ao triatlo, mas assegura que, se não houver algumas mudanças, dentro de poucos anos as coisas serão diferentes para pior. “Faltam miúdos. Antigamente tinha a treinar mais de 30 jovens. Hoje em dia contam-se pelos dedos de uma mão”, desabafa e explica que os pais preferem meter os jovens a jogar futebol do que dar-lhes outras experiências.

Beatriz Ferreira é campeã do mundo de triatlo e representa o clube da Golegã

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