Era bom que acabassem com a ideia de que um cancro, nomeadamente um cancro da mama, se resolve com luta, coragem, atitude positiva, marchas solidárias e lacinhos cor-de-rosa. Um cancro é um drama, indescritível. Transforma a vida de qualquer pessoa e afecta-a para sempre mesmo que seja ultrapassado. A angústia, a dor, o medo ficam entranhados. A pessoa pode sorrir e ter momentos de felicidade mas fica marcada com um ferro em brasa que vai arder, arder, arder e doer.
Do artigo publicado na última edição de O MIRANTE, com o título: “Ainda não me consigo despir à frente do meu marido”, retive a seguinte declaração de Teresa Santos, que perdeu uma mama na sequência de um cancro, antes de fazer cinquenta anos.
Diz ela: “Lembro-me de, passado uma semana da operação, ter ido à Liga Portuguesa Contra o Cancro buscar um soutien e uma prótese. As voluntárias falaram comigo e disseram que a mama não era mais que um pedaço de carne, mas nada do que diziam era o que queria ouvir”.
Maria Madalena Cintra