Alcanena pede ajuda à Comissão Europeia contra a poluição
Movimento cívico lançou abaixo-assinado na Internet onde reclama resolução urgente dos problemas ambientais que configuram um caso de saúde pública.
O movimento cívico SOS Alcanena pôs a circular uma petição pública na Internet, dirigida ao Comissário Europeu para o Ambiente, onde exige a intervenção da União Europeia visando a resolução urgente dos problemas ambientais em Alcanena, que se transformaram num caso de saúde pública. Solicita também a monitorização dos maus-cheiros e emissões de gases prejudiciais à saúde, nomeadamente sulfeto de hidrogénio, por um período de, no mínimo, cinco anos.
O texto que suporta a petição, que já conta com perto de mil signatários, refere que ao longo do tempo têm-se repetido episódios de poluição em Alcanena, “com um descontrolo total da situação que tem levado a população ao desespero”. E sublinha que desde Agosto de 2019 existe um “ambiente insustentável” em Alcanena, “sem que os industriais, os responsáveis autárquicos ou as entidades fiscalizadoras consigam resolver o problema”.
Os promotores da petição relatam ainda que ao longo dos anos várias entidades portuguesas têm efectuado diligências e tomado medidas que se têm revelado ineficazes. “Percebemos, infelizmente, que as entidades nacionais não são capazes de resolver o grave problema ambiental e de saúde pública que se vive em Alcanena e, assim, entendemos estarem esgotadas as condições para esperarmos que sejam estas entidades a encontrar a solução para os problemas mencionados”, lê-se no texto dirigido ao Comissário Europeu do Ambiente.
O movimento SOS Alcanena esteve também reunido, no dia 4 de Novembro, com a deputada do Bloco de Esquerda eleita pelo distrito de Santarém, Fabíola Cardoso, a quem expôs queixas e propostas. O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda comprometeu-se a interpelar o Governo sobre este problema bem como proceder a um requerimento das licenças e análises, nomeadamente do auto controlo das unidades industriais. Para o Bloco de Esquerda “é urgente fiscalizar e punir os poluidores”.
Câmara e industriais no jogo do empurra
Conforme O MIRANTE tem vindo a noticiar os maus cheiros que se têm feito sentir em Alcanena, com mais intensidade desde o final de Agosto, abriram uma guerra entre o município e os industriais de curtumes, na altura em que o sistema de tratamento de efluentes passou da associação de utilizadores Austra para a empresa municipal Aquanena.
A presidente da câmara e da Aquanena, Fernanda Asseiceira, acusa os industriais de não estarem a cumprir as regras e de descarregarem para o sistema águas com elevadas cargas poluentes, responsáveis pelos gases que empestam o ambiente. Os empresários, através da Associação Portuguesa de Industriais de Curtumes (APIC), dizem, por seu lado, que a autarquia, através da Aquanena, não tem capacidade para gerir o sistema e a estação de tratamento (ETAR).
No meio do jogo do empurra está a população, que se queixa de estar a viver um dos piores momentos dos últimos anos no que toca à poluição. No dia 28 de Outubro cerca de 600 alunos protestaram contra os maus cheiros em Alcanena, tendo promovido uma marcha silenciosa entre a escola secundária e a câmara municipal, onde leram um manifesto apelando a uma solução para o problema.