“Em vez de concelhos deveríamos ter regiões administrativas bem definidas”
Duarte Nuno Sottomayor tem 51 anos, é advogado e reside em Torres Novas. É advogado e um apaixonado por carros clássicos. Nesta altura está a participar no Campeonato Nacional de Clássicos de Ralis. Duarte Nuno Sottomayor é administrador e sócio na Sociedade de Advogados Sottomayor & Associados, em Torres Novas, cidade onde reside desde criança embora tenha nascido no Porto. Como militante do CDS foi, na juventude, candidato à Câmara de Torres Novas, mas afastou-se da política activa. Defende uma reforma administrativa como única forma de evitar que a região passe a integrar a área metropolitana de Lisboa.
Actualmente a Lei do Orçamento de Estado é mais importante que a Constituição da República. Pode parecer exagerado dizer isto mas todos os anos a Lei do Orçamento de Estado altera os nossos principais códigos. Há que lhe dar toda a atenção. Procuramos as melhores soluções para cada ano fiscal.
Sou gerente de uma empresa de formação onde o Orçamento de Estado é discutido ponto por ponto. Trata-se da For-Mayor. Na discussão do Orçamento de Estado participam empresários, contabilistas, advogados e solicitadores. Assim que sai o diploma começamos a formação. Já há cerca de 14 anos que o fazemos.
Estou a participar no Campeonato Nacional de Clássicos de Ralis. É uma competição em que só podem entrar carros anteriores a 1992. Quando estou em prova liberto-me totalmente das questões profissionais. Normalmente eu e o meu co-piloto, que é médico, encontramo-nos no Rali à sexta à noite após uma semana de trabalho. Iniciamos logo o treino ou na manhã seguinte
As pessoas são o maior activo de uma cidade e de um país. Cada vez faltam mais pessoas em Portugal e Torres Novas é exemplo disso. É uma óptima cidade para se viver mas sem pessoas não atrai empresas. Faltam também atractivos para os jovens.
Lisboa continua a ser o sítio onde se concentra tudo. Os nossos filhos vão para lá e já não voltam. Sem regiões administrativas bem definidas vemo-nos relegados a ser uma zona metropolitana de Lisboa dentro em breve. O Ribatejo tem que lutar por si.
Participei activamente na política até começar a trabalhar. Integrei o Conselho Nacional da Juventude Centrista, na altura do Manuel Monteiro, e fui candidato às autárquicas, em Torres Novas, com 18 anos. Fui presidente da Juventude Centrista torrejana durante vários anos. Quando comecei a trabalhar deixei de ter tempo, apesar de receber convites, mesmo de outras forças políticas. Não me quero comprometer com as pessoas e depois desiludi-las.
Posso dizer que desde que deixei a universidade nunca mais tive férias. Nasci no Porto e vim para Torres Novas aos três anos. Foi quando o meu pai, que é engenheiro mecânico, veio trabalhar para a casa Nery. Fiz a infância e o percurso escolar até ao 12º ano em Torres Novas. Segui para a Universidade Internacional, em Lisboa, e depois estagiei também na capital.
A Sociedade de Advogados Sottomayor & Associados tem quase vinte anos. Sou eu e o José Artur Ferreira e temos uma série de colaboradores. Em relação a mim e ao futuro sei que mesmo na minha ausência a sociedade continuará. Há pessoas que trabalham comigo há 15 ou 20 anos e já são quase família. Tenho cinco filhos e gostaria que um deles me sucedesse na Sociedade.
Abri escritório na Golegã e depois em Torres Novas. Actualmente o escritório é vocacionado para todo o tipo de processos, com forte apetência para os processos de insolvência e reestruturação financeira. Crescemos desde o início porque encontrámos este nicho que nos distingue. Fizemos e participámos nos maiores processos de falência e insolvência do país.
A reforma administrativa é o mais urgente neste país. Só com regiões definidas se pode fixar nos sítios certos aquilo que falta. Não se percebe porque é que o distrito de Santarém perdeu o Tribunal Administrativo e Fiscal para Leiria.
O maior garante da democracia era haver um tribunal em cada concelho. Mas nas condições actuais, como no tribunal da Golegã e no de Alcanena, com juízes a deslocarem-se de táxi e com um único funcionário que tem que encerrar o tribunal para ir à casa de banho, mais vale não ter. Em vez de concelhos deveríamos ter regiões administrativas bem definidas.