É Natal, é Natal. Viva o consumismo geral!
O que fica das mil e uma prendinhas de Natal, depois de se apagarem as luzinhas das gambiarras, de se desmontarem as árvores enfeitadas que cheiram a plástico e de se desligar o som das mais que gastas cantiguinhas e musiquinhas? Fica um mar imenso de caixas de cartão que será encaminhado para reciclagem e muitas vezes ficam objectos mais ou menos inúteis que nunca iremos utilizar e que, se não foram para o lixo, serão embrulhados e oferecidos a outras pessoas, que não as que os ofereceram, no Natal seguinte.
Este ano o cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, exortou os cristãos a retornarem à tradição do presépio, num caminho de reencontro com o “essencial” do Natal. Não sei se o apelo será ouvido mas era bom que esse retorno ao presépio se fizesse porque poderia introduzir alguma moderação no consumismo geral que é incentivado pelo Pai Natal e a árvore, que foram importados de outras culturas e são patrocinados pelos comerciantes em geral.
O Pai Natal permite tudo porque não é uma figura religiosa. Pais natais motards, pais natais e mães natais a dançar zumba, pai natais e mães natais em roupa interior, por exemplo. Com o Menino Jesus e as figuras do presépio havia outra moderação. Tempos houve em que quem trazia as prendas era ele, o Menino Jesus. E as prendas do Menino Jesus eram para as crianças, não eram para adultos. O Menino Jesus não oferecia bebidas, lingerie, artigos para a barba, jóias, eu sei lá...
Passei mais um Natal como não gostava de ter passado. E tive a sorte de ser em casa com a família e não num qualquer restaurante como já começa a usar-se porque o consumo não pára e há cada vez mais vendedores de Natais pagãos!
João Fernandes Rito