Obra no centro da vila de Azambuja avança com alcatrão em vez de calçada
As opiniões são divergentes, mas o município vai avançar com a substituição da calçada por asfalto no centro da vila. Decisão é contestada por autarcas, mas agrada aos comerciantes da Rua Engenheiro Moniz da Maia.
A Rua Engenheiro Moniz da Maia, a principal artéria de Azambuja, vai ser requalificada no primeiro trimestre de 2020 e o piso empedrado vai ser substituído por asfalto. A opção tem em conta o facto de o piso de calçada ter vários problemas de construção, mas as opiniões sobre o tipo de pavimento dividem-se, com comerciantes a favor do alcatrão e políticos contra. A Câmara de Azambuja já avançou com a candidatura aos fundos comunitários do Portugal 2020 e estima lançar em Janeiro o concurso público para adjudicação dos trabalhos, no valor de 500 mil euros.
O presidente da câmara, Luís de Sousa, acredita que esta é a solução que melhor serve as pessoas apesar de não agradar a todos. Lembrando que o pavimento em pedra requer manutenção constante, Luís de Sousa não nega que a actual calçada tem um problema de origem, que teve a ver com a forma como foi colocada. O autarca explica que esta “ficou demasiado elevada e nada bem consolidada”, fazendo com que “os paralelos estejam constantemente a sair”. Outro problema está no subsolo que vai provocando abatimento com a passagem dos carros.
A obra vai também permitir instalar mais sumidouros, para melhorar o escoamento das águas da chuva, iluminar passadeiras e requalificar os passeios, que se “encontram num estado vergonhoso”, conforme reconhece o autarca. Há quem veja com bons olhos a substituição do pavimento por alcatrão. Como é o caso de alguns moradores e comerciantes. A florista Susete Verino que considera as pedras nunca deviam ter sido postas na rua.
Entre os que aplaudem o asfalto está também Carlos Cardoso, proprietário há mais de 18 anos de uma loja de fotografia, porque considera que o pavimento empedrado foi mal feito, reclamando que quando chove criam-se poças de água. “Molhamo-nos todos. Ao menos com o alcatrão não vão existir estes altos e baixos”, acrescenta Maria Luísa, funcionária do Café Sabores.
A presidente da Junta de Azambuja, Inês Louro (PS), é das que está contra a opção da câmara apesar de considerar que a requalificação da rua é uma prioridade. “É um retrocesso em termos estéticos para o centro histórico da vila e vai trazer problemas para a segurança dos peões porque com o asfalto os carros não vão reduzir a velocidade”, justifica a O MIRANTE.
Apontando a culpa para a falta de manutenção da câmara, Inês Louro, fez chegar ao presidente do município uma deliberação do executivo da Junta de Azambuja, aprovada por unanimidade, contra a retirada do piso empedrado. “Tudo precisa de manutenção e neste caso não tem acontecido”, frisa, considerando que o problema não está na calçada, mas na calçada mal feita.
Também os vereadores da oposição, do PSD e CDU, têm uma perspectiva diferente do executivo socialista. O social democrata Rui Corça diz que Azambuja fica prejudicada a nível estético e entende que para resolver os problemas do piso não era necessário substituir a calçada por asfalto, alegando que basta criar mais sumidouros e reparar o piso existente. David Mendes (CDU) defendeu que essa substituição é “mandar dinheiro para cima dos problemas e não resolvê-los”, explicando que devido à inconsistência dos terrenos também o asfalto pode vir a abater.