Médicos acusados de homicídio de jovem de Fazendas de Almeirim durante exame
Ministério Público deduziu acusação contra três médicos de uma clínica privada de Leiria onde Marisa Nunes foi fazer um exame ao coração após o qual se sentiu mal. A acusação considera que os arguidos não executaram práticas clínicas que poderiam ter evitado a morte.
Três médicos estão acusados pelo Ministério Público de homicídio por negligência de Marisa Nunes, de Fazendas de Almeirim, três anos e dois meses depois de a jovem de 33 anos ter morrido na sequência de um exame clínico. Segundo a acusação, dois dos médicos do Centro Hospitalar de São Francisco, em Leiria, não administraram adrenalina à vítima que entrou em paragem cardio-respiratória, e uma terceira médica acabou por dar uma dose inferior ao necessário, o que impediu que Marisa recuperasse.
O caso remonta a 19 de Julho de 2017 quando a vítima foi sujeita naquela clínica privada a uma Angio TAC Cardíaca. Após a administração de contraste iodado para a realização do exame perdeu a consciência e entrou em paragem respiratória. O Ministério Público apurou que durante as manobras de reanimação, levadas a cabo por dois médicos, “estes não determinaram a administração de adrenalina à vítima, o que poderia ter revertido o seu quadro”. A terceira arguida ordenou a administração de adrenalina, mas considera a acusação que “perante a não reacção da doente, deveria ter determinado a sua aplicação em dose superior, o que não fez”.
Marisa Nunes, que deixou dois filhos, na altura com 8 e 11 anos, ficou com encefalopatia anóxica, estado que foi irreversível, refere o Ministério Público. A vítima foi transportada para o Hospital de Santo André, em Leiria, “sem que os arguidos a tenham acompanhado, pelo que, em consequência de tal omissão, o suporte avançado de vida foi interrompido, passando a suporte básico de vida e, por conseguinte, não foi administrado soro, nem adrenalina de cinco em cinco minutos, tal como deveria”.
A jovem permaneceu internada até 18 de Agosto de 2017, data em que foi transferida para o Hospital Distrital de Santarém, onde morreu no dia 6 de Dezembro, sem nunca ter recuperado a consciência.
Segundo o Ministério Público, os arguidos não tomaram as medidas necessárias, “confiantes de que o resultado morte se não produziria, tendo sido a inobservância dessas práticas clínicas que aumentou o risco de produção da morte da doente”.