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Pandemia complica diagnósticos de cancro
foto DR Para Manuela Bernardo o impacto real dos atrasos de diagnóstico só se irá notar dentro de alguns anos

Pandemia complica diagnósticos de cancro

Ao longo do ano os pacientes foram gradualmente perdendo o receio e regressaram às unidades de saúde CUF, mas no último mês houve nova quebra. Manuela Bernardo, médica no Hospital CUF Santarém com actividade focada nos tumores do pulmão e nas doenças hematológicas, nota mais situações de doença em fase avançada.

Nas unidades de saúde da rede CUF, um dos maiores diagnosticadores privados de cancro em Portugal, com uma média de 80 diagnósticos semanais, houve no ano passado uma quebra de cerca de meio milhar de diagnósticos. O motivo foi o receio das deslocações aos hospitais, sobretudo durante o primeiro confinamento.
Apesar do sucesso da acção de diagnóstico precoce do cancro da mama, levada a cabo entre 9 e 30 de Outubro de 2020, com mais de 150 consultas gratuitas e 88 mamografias - números que incluem os do Hospital CUF Santarém e que representam um aumento de 6% face a 2019 -, a maior diminuição de diagnósticos foi, ainda assim, sentida nos tumores da mama, seguidos dos do colo do útero e colorrectal.
Manuela Bernardo, coordenadora de hematologia da CUF Oncologia e especialista em Oncologia Médica nos hospitais CUF Santarém e CUF Tejo adianta a O MIRANTE que, à semelhança do que acontece na generalidade da população portuguesa, os cancros da mama, do pulmão, colorrectal e da próstata são os que apresentam maior incidência na região.
Também à semelhança do resto do país, o medo generalizado de sair de casa e, em especial, de ir a hospitais, por se acreditar que seriam focos prováveis de infecção, levou alguns doentes a interromper tratamentos. “Havia um grande desconhecimento do que se passava e de como iria evoluir a situação. Sei de doentes que questionaram e procuraram compreender se deveriam adiar os tratamentos, mas uma vez esclarecidos deram continuidade. A situação de receio de deslocação foi melhorando gradualmente embora tenha no último mês sofrido nova quebra, fruto do agravamento da pandemia”, refere a clínica.
A médica acrescenta que as unidades de saúde implementaram medidas de segurança e alternativas às consultas presenciais, dando como exemplo as mais de 700 teleconsultas, de acompanhamento de doentes em tratamento ou em seguimento, realizadas na área de Oncologia e Hematologia, na rede CUF, desde Março de 2020.
Com uma actividade focada nos tumores do pulmão e nas doenças hematológicas, Manuela Bernardo nota em ambos mais situações de doença em fase mais avançada, comparativamente aos últimos anos. Contudo realça que o impacto real dos atrasos de diagnóstico só se irá notar dentro de alguns anos, quando houver estudos a comparar os estádios iniciais da doença neste período, bem como a sobrevivência dos doentes.

Via verde para
suspeitas de cancro
Para a médica, cumprir o confinamento não é incompatível com idas ao médico; pelo contrário, é uma das excepções consideradas. Por isso, sempre que algum dos conhecidos “sinais de alerta para cancro” for considerado, há que consultar o médico. “Nesta situação, é sempre preferível pecar por excesso do que por defeito”, remata.
A pensar em quem precisa de uma resposta rápida para um diagnóstico oncológico, a CUF Oncologia reforçou, durante a pandemia, os seus processos e recursos para disponibilizar um maior acesso às suas vias verdes internas, accionáveis nos casos de suspeita de cancro. Uma resposta que se estende ao Hospital CUF Santarém.
Questionada sobre se esta será a altura mais difícil para se ser médico, Manuela Bernardo reforça que ser médico é sempre dar o melhor para diagnosticar e tratar os doentes, “mas o mais importante é que os consultórios e os hospitais sejam considerados um porto de abrigo e não um local de risco”.

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