As fotografias que não acrescentam nada às notícias e que até geram equívocos
Nos jornais, de cada vez que há notícias sobre o Covid-19 ou aparece uma foto do que poderá ser um vírus ou uma pintura surrealista, ou uma foto de pessoal envergando fato completo de protecção ou pessoal a desinfectar com sistemas de aspersão ou a tratar de doentes. São imagens meramente ilustrativas que não acrescentam qualquer informação e, pior do que isso, na maior parte das vezes até desinformam. “Fake-fotos” ou coisa que o valha, retiradas de sites da Internet, pirateadas de filmes, ou de outras notícias sobre o assunto.
Mas não é só em relação ao coronavírus. De cada vez que se relata que alguém deu um tiro, mesmo para matar pardais, faz-se acompanhar a pequena e irrelevante “notícia”, copiada de uma nota de imprensa da polícia ou GNR, sem enquadramento nem contraditório, por uma pistola ou metralhadora, conforme o caso, de preferência ainda a fumegar, para dar emoção à coisa porque o objectivo já não é informar mas criar emoções, gerar likes.
De cada vez que se edita uma notícia de fogos, lá aparece um bombeiro no meio de um mar de chamas, com equipamento anti-fumos, mangueira a jorrar água. Pode ser um bombeiro australiano ou canadiano numa situação passada há três ou quatro anos. Pode ser uma imagem de um filme ou de uma série. É desinformação mas dá bom aspecto à coisa. Transmite dramatismo, sensação de horror, de caos, de tragédia, mesmo quando se trata do incêndio de um bife esquecido no grelhador do quintal. E se for na televisão leva uma música em fundo para aumentar a carga dramática. E se necessário ruídos de árvores a arder, por exemplo.
Um ataque de um cão a uma pessoa não é complementado com a foto do animal que mordeu, mas “ilustrado” com uma foto sacada da Internet de um grande e ameaçador mastim a espumar pela boca. Nos casos de poluição com peixes mortos, aparece sempre os mesmos cadáveres de peixes, mesmo que aquela espécie não exista naquele rio.
Marco Joaquim Rente Silvestre