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Mariana Guedes treina meia centena de atletas em Torres Novas
Mariana Guedes com algumas das suas atletas no dia da reportagem de O MIRANTE

Mariana Guedes treina meia centena de atletas em Torres Novas

Antiga jogadora do Santarém Basket está em Torres Novas a treinar jovens dos 12 aos 17 anos que competem a nível nacional. Mariana Guedes, 27 anos, é treinadora de basquetebol feminino da União Desportiva e Recreativa da Zona Alta, Torres Novas, e orienta quatro equipas de escalões jovens, três delas apuradas para disputar os respectivos campeonatos nacionais. O MIRANTE foi ao seu encontro e falou sobre sonhos, paixões e sacrifícios que são parte de uma vida vivida sempre acima dos limites.

Mariana Guedes, 27 anos, é treinadora de basquetebol da União Desportiva e Recreativa da Zona Alta (UDRZA), em Torres Novas, e responsável por cerca de meia centena de atletas femininas com idades que vão dos 12 aos 17 anos. Actualmente lidera quatro equipas do projecto, sendo que três delas estão a disputar campeonatos nacionais. Não é fácil imaginar como Mariana Guedes se organiza para conseguir estar em tantas frentes e conseguir tão bons resultados. Mas para a treinadora a resposta é simples: “Trabalho. Nada se consegue sem trabalho”.
Todos os dias desloca-se ao Palácio dos Desportos, em Torres Novas, onde decorreu a conversa com O MIRANTE, para passar cerca de quatro horas a tentar formar bons atletas e bons seres humanos. Na sua opinião as regras no desporto são transversais aos princípios e às leis da vida. “Tento transmitir às minhas atletas que as dificuldades que encontram nos treinos e nos jogos são idênticas às que vão encontrar na vida”, explica.
Mariana Guedes, que como atleta jogou durante oito anos no Santarém Basket, não admite que as suas pupilas tenham más notas na escola. “No tempo em que fui atleta sacrificava tudo menos as responsabilidades escolares, porque essas tinham de ser cumpridas”, afirma, e dá um exemplo que ainda hoje lhe está atravessado na garganta: “faltei à cerimónia de fim de licenciatura do meu irmão para ir a um jogo”.
“Actualmente é muito difícil captar jovens para o desporto. No Ribatejo ainda mais. Do meu ponto de vista falta entrega, ambição e paixão aos jovens de hoje, com as devidas excepções como é evidente” salienta. “Há falta de compromisso”, refere, para depois dar a entender que para muitos atletas os jantares e as noitadas com os amigos são mais importantes do que os objectivos desportivos.
Todas as atletas da Mariana Guedes tratam-na por tu, e a grande maioria está sempre atenta para que a qualquer altura possam ser o centro da sua atenção. Mariana considera-se uma treinadora tolerante, embora não tenha problemas em levantar a voz ou “puxar uma orelha”, quando assim é necessário. “Exijo determinação, esforço e responsabilidade”, as três características que, no seu ponto de vista, distinguem os bons atletas dos medíocres. “Seria hipócrita se dissesse que não tenho atletas favoritas. Se sentir empenho e dedicação máxima retribuo na mesma moeda”, afirma com convicção.
O mais difícil na vida de treinadora é conseguir interpretar o grupo de atletas que tem à sua frente; qual o contexto familiar e social em que estão inseridos; quais as suas ambições. Sendo jovem, não tem receio em admitir que quando precisa vai beber à sabedoria dos mais velhos que são as suas referências. “A humildade num treinador é fundamental. Quando as experiências que já vivi não são suficientes para ensinar as minhas atletas vou aprender com as experiências dos outros”, afirma.
Mariana Guedes diz que tem a sorte de viver exclusivamente do basquetebol. O que recebe não é muito comparado com aquilo que se ganha em outras profissões, mas vai dando para viver, diz, porque o que interessa é o prazer que tem no que faz. Ainda assim traçou o seu futuro; um dia quer ser treinadora na liga profissional de basquetebol. “O sonho comanda a vida e os meus sonhos não têm limites”, conclui.

A maria-rapaz que nunca brincou com bonecas

Mariana Guedes nasceu no Cartaxo, onde ficou até rumar a Coimbra para estudar Educação Física, aos 18 anos. Filha de dois professores e a mais nova de cinco irmãos, diz que a melhor recordação dos tempos da infância é de jogar futebol na rua com os amigos. Quando as bolas iam parar ao quintal do vizinho era Mariana que as ia buscar porque gostava de sentir a adrenalina da fuga. “A irreverência é muito importante para o crescimento de uma criança desde que não seja uma irreverência maldosa”, justifica-se com um sorriso no rosto.
As bonecas nunca fizeram parte do seu mundo no tempo da infância. Sempre se considerou uma “maria-rapaz” e não se lembra de levar alguma vez um vestido para a escola. O que mais queria era brincar com os amigos, quase todos rapazes. “Chegava a ter grandes disputas com os rapazes por ter mais jeito do que eles, mas sem nunca faltarmos ao respeito uns aos outros”, recorda.
As características que mais gosta de ver numa pessoa são a humildade e a lealdade. Não suporta a mentira e por isso tem um grupo de amigos que se conta pelos dedos das mãos. “Sei perfeitamente distinguir os amigos dos conhecidos”, afirma.
Quando não está a dar treino ocupa o tempo a ler ou a ver cinema, porque gosta de sair da zona de conforto e de não se deixar conquistar pela preguiça. Os seus heróis da vida real são os pais. “São os dois professores e sempre tive orgulho em ouvir as pessoas dizerem que os meus pais mudaram a vida delas”, conclui.

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