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Comércio local com quebras acentuadas e alguns negócios já não vão reabrir

À excepção da venda de produtos de primeira necessidade todos os outros estabelecimentos encerraram nos concelhos de Santarém, Almeirim, Alpiarça, Benavente, Cartaxo e Chamusca. Associação do sector e lojistas reclama mais apoios.

O pequeno comércio dos concelhos de Santarém, Almeirim, Alpiarça, Benavente, Cartaxo e Chamusca registou quebras entre 40% e 90% nas últimas semanas, devido às medidas adoptadas no âmbito da pandemia da Covid-19, disse a associação de comerciantes que abrange esses municípios.
David Dias, vice-presidente da Associação Comercial, Empresarial e de Serviços (ACES), que junta associados destes seis concelhos do distrito de Santarém, afirmou à Lusa que, à excepção da venda de produtos de primeira necessidade, todos os outros estabelecimentos encerraram, pelo que a situação em Abril será ainda pior. Uma realidade transversal a todo o território nacional.
“Na reunião que realizámos ontem [1 de Abril] por videoconferência registámos já dois associados do concelho de Santarém que deram baixa de membros porque decidiram encerrar a actividade”, afirmou.
A questão que a grande maioria de lojistas e microempresários coloca prende-se com o facto de, embora tenham feito descontos iguais aos realizados para os seus trabalhadores, estes têm direito a algum apoio neste período, mas os sócios-gerentes não, disse.
Teresa Marques, sócia-gerente da Ornamenta, uma loja de venda de flores e plantas no centro histórico de Santarém, é uma das que se encontra nesta situação, questionando como vai sobreviver nos próximos tempos. Sublinhando que estes pequenos negócios vivem, “há anos, na linha vermelha”. A microempresária, que possui ainda um pequeno alojamento local, salienta ser irrealista pensar que tudo se resolve com a criação de linhas de crédito, pois, com o agravar da situação, nunca terão condições para os reembolsar.
“Só se for a fundo perdido”, disse Teresa Marques, contando como teve de fechar dois dias antes do Estado de Emergência (declarado em 18 de Março), porque “já não vendia nada”, e como teve de deitar para o lixo as flores e plantas porque este é um negócio em que tudo é perecível. Por outro lado, todas as reservas para o pequeno alojamento que possui foram canceladas.
Ainda de porta aberta, José Venceslau reduziu a facturação da sua pequena mercearia, no centro histórico, para metade. Vendendo apenas à porta, sem permitir acesso ao interior do estabelecimento, confessa que, com o resto do comércio fechado, a maioria dos clientes desapareceu, só restando os poucos que ainda residem no centro histórico e os que começaram a fazer algumas encomendas para serem entregues em casa. “Isto não é para ganhar, é para viver e para ajudar quem precisa”, afirmou, sublinhando que, agora, “é um dia de cada vez”, é “aguentar até ver no que dá”.
David Dias reforça que quem tinha fundo de maneio já o esgotou, questionando como vão viver aqueles que tiveram de fechar e que estão excluídos dos apoios. Segundo afirmou, a ACES está a preparar um programa que quer apresentar às autarquias dos concelhos que abrange, para criar um sistema de apoio financeiro, ao mesmo tempo que vai canalizar o financiamento que tinha disponível no fundo para acções de formação para iniciar uma formação dirigida à digitalização das micro e pequenas empresas.
Sobre as medidas já anunciadas pelos municípios, como a isenção no pagamento de taxas fixas de água, saneamento e resíduos, David Dias considerou-as positivas, apelando a que o mesmo aconteça com empresas como a EDP.

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