Empresas do Ribatejo pedem ajuda ao governo
Nersant realizou inquérito junto de 1.500 empresas associadas para analisar de que forma as medidas de contingência impostas com a Covid-19 estão a condicionar a sua actividade.
Mais de 75% das empresas que responderam a um inquérito da Nersant - Associação Empresarial da Região de Santarém afirmaram que registaram quebras de facturação, nalguns casos superior a 70%, e cerca de metade admite recorrer ao lay-off simplificado devido às medidas de contenção da Covid-19.
No primeiro inquérito semanal que a Nersant realizou junto de 1.500 empresas suas associadas para analisar de que forma as medidas de contingência impostas com a Covid-19 estão a condicionar a sua actividade empresarial, da cerca de uma centena de respondentes, 76,19% declararam que diminuíram a facturação.
Destas, 18,37% verificaram uma queda inferior a 20%; 22,45% das empresas uma queda entre 20 a 50%; 16,33% uma queda entre 50 e 70% e 42,85% registaram uma queda superior a 70%, refere o documento.
Parte da redução da facturação aconteceu porque 65,62% das empresas suspendeu ou reduziu parcialmente a actividade - 25% das empresas suspenderam actividade e 40,62% reduziram parcialmente a actividade -, tendo apenas 34,38% mantido a actividade normal.
Na resposta ao inquérito, 15,87% das empresas afirmou que já requereu a aprovação do lay-off simplificado, para apoiar a manutenção dos postos de trabalho, e 28,57% declararam que vão recorrer a esta medida, sendo que 55,56% não ponderam fazê-lo.
Quanto ao recurso às linhas de crédito criadas no âmbito da Covid-19, 12,5% afirmaram que já recorreram, 34,38% vai recorrer e 53,12% não recorreu nem pensa recorrer. No recurso à moratória nos empréstimos em curso, 52,46% não pensa solicitar, mas 21,31% equaciona poder vir a utilizar e 26,23% das empresas já recorreram a este instrumento.
Questionadas sobre as dificuldades de abastecimento actuais, incluindo importações, 29,03% declararam serem “fortes” ou “muito fortes”, 29,03% “moderadas” e 41,94% “pouco significativas ou nulas”, sendo que este valor passa para os 25% quando questionadas sobre possíveis dificuldades futuras.
Mais de 80% das empresas associadas da Nersant afirmam estar já a sentir impacto na redução da procura (43,75% de forma “muito forte”), com apenas 15,62% a registarem pouco ou nenhum impacto.
São também 81,54% as empresas que declaram estar a sentir o impacto da pandemia na tesouraria, 55,39% de forma “forte” (21,54%) ou muito forte (33,85%), com apenas 18,46% a registar pouco ou nenhum impacto (3,12% quando questionados sobre a perspectiva no curto prazo).
Metade das empresas afirma não esperar constrangimentos com os transportes, com a logística e as alfândegas e 22,42% consideram que estes serão “fortes” ou “muito fortes” e 27,54% “moderados”.
Cerca de metade das empresas, 40,32%, considera estar a sentir pouco ou nenhum impacto em virtude das ausências de trabalhadores, nomeadamente para acompanhamento de filhos menores, sendo 29,03% as que afirmam ser “moderado”.
Alguns empresários lamentaram eles próprios não poderem prestar assistência aos filhos nem poderem assegurar a sua actividade por teletrabalho e não terem acesso ao lay-off ou a outro apoio. “No meu caso dependo do meu ordenado e com a firma parada não tenho como sobreviver”, comentou um dos respondentes ao inquérito.
Outros referem legislação e procedimentos “excessivos e complexos”, pedindo que sejam agilizados os procedimentos administrativos e que seja possibilitada a prorrogação de licenciamentos/certificações/autorizações até ao fim da quarentena, a agilização de novos processos e a possibilidade de formações obrigatórias online.
Há também quem peça ao Estado para pagar “tudo o que puder” das dívidas que tem às empresas, dando-lhes alguma liquidez, apoios para a criação de lojas online e para dinamizar a comunicação, o marketing e a publicidade.
Também há opiniões favoráveis ao chamado ‘helicopter money’ (“dinheiro de helicóptero”) entregue directamente aos trabalhadores dos sectores mais afectados e a “ajuda financeira imediata às empresas”, não sujeita a avaliações de risco. “Se o dinheiro não chega às empresas vai haver muito desemprego”, alertam.