A ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, exortou os consumidores a comprar produtos nacionais e lançou uma campanha intitulada ‘Alimente quem Alimenta’ que, segundo a ministra, acaba por funcionar como um apelo, mas também como um agradecimento a todos os que, diariamente, “investem esforço e dedicação neste sector fundamental e cuja resposta se faz sentir no dia-a-dia do país”.
Os críticos dos nacionalismos, aqueles que criticaram o ministro das Finanças holandês (o actual e o anterior), e outros políticos europeus, por não serem solidários com os países do sul, não fizeram comentários ao assomo nacionalista da governante, que também foi presidente da Câmara de Abrantes. Ou acreditam que é coisa de pouca monta ou acham que devemos limitar-nos a zurzir nos outros poupando os nossos.
Esta não é a primeira vez que há campanhas nacionalistas, sejam de produtores ou de governos, a apelar ao consumo de produtos nacionais em detrimento de produtos produzidos noutros países da União Europeia. E sempre com o silêncio dos que, noutras circunstâncias, criticam nacionalismos.
Somos todos muito europeístas quando usamos a liberdade de circulação de pessoas e mercadorias, quando reclamamos mais fundos comunitários, quando criticamos o Brexit ou quando exigimos mais medidas para salvar pessoas e empresas portuguesas, mas nesta altura, tanto políticos como jornalistas só falam em Portugal e no “esforço nacional”? Afinal os deveres de solidariedade da Comunidade Europeia são só para os outros??
Não peço uma bandeira da União Europeia a ondular atrás dos apresentadores dos telejornais quando eles falam dos fundos comunitários que chegam a Portugal, mas tanto nacionalismo espanta-me. Quando é que vamos ter o nosso Brexit?
Paulo Gomes Castanheira