Há lares de idosos que resistem à pandemia porque apressaram-se a tomar medidas
Instituições passaram a ser desinfectadas várias vezes por dia, redefiniram-se procedimentos e a prioridade é proteger utentes e funcionários, mas tem sido difícil a muitas instituições adquirirem equipamentos individuais de protecção. Do Governo ninguém diz mal e esperam o seu apoio se as coisas se complicarem.
Os lares da terceira idade de várias instituições da região, onde não se registam casos de contágio da Covid-19, têm conseguido aguentar as dificuldades porque apressaram-se a tomar medidas de contingência. Os lares passaram a ser desinfectados várias vezes ao dia e mudaram-se procedimentos para proteger os funcionários, embora existam algumas limitações de pessoal. Quanto ao papel do Estado, as Instituições Particulares de Solidariedade social dizem que tem havido acompanhamento e esperam que esteja presente quando as dificuldades se agudizarem.
Na Misericórdia de Benavente, com 67 utentes, os trabalhadores foram divididos em grupos em que um trabalha e o outro fica em casa em isolamento. O mesmo acontece na Misericórdia da Golegã, onde é obrigatório já há vários dias o uso de máscaras pelos funcionários. O provedor de Benavente, Norte Jacinto, tal como o de Santarém, Hermínio Martinho, consideram fundamental a medição da temperatura dos funcionários sempre que estes entram ao serviço. Uma das principais preocupações reside nas dificuldades em adquirir equipamento de protecção, em quase todas as instituições, como referem Norte Jacinto e José Alves, provedor da Misericórdia de Alhandra, que tem 120 utentes.
Há alguns funcionários que estão em casa para assistência aos filhos ou porque estão em grupos de risco, mas isso tem sido colmatado com a dedicação de outros funcionários. Na Misericórdia da Golegã, o provedor José Martins Lopes está a preparar um grupo de voluntários que pode entrar em acção se houver dificuldades. Na Chamusca, diz o provedor da Misericórdia, Nuno Castelão, integraram-se as pessoas da creche, que está encerrada, e é possível ter 120 colaboradores disponíveis para 50 utentes do lar e 47 do apoio domiciliário.
No lar Solar do Idoso, em Riachos (Torres Novas), a equipa está reduzida a quatro pessoas, mais a proprietária Henriqueta Oliveira, para doze utentes. A responsável salienta que ninguém estava preparado para o que está a acontecer, mas realça como vantagem o facto de o espaço ser grande. Na Misericórdia de Rio Maior a provedora, Maria José Figueiredo, sublinha que começou a tomar medidas ainda antes de ter sido decretado o Estado de Emergência. Na instituição o número de funcionários disponível tem assegurado o acompanhamento necessário aos 37 utentes.
José Martins Lopes, da Golegã, não se queixa do acompanhamento da Segurança Social, mas nota que não tem havido, pelo menos no seu concelho, uma articulação entre entidades. Hermínio Martinho não quer neste momento apontar o dedo a ninguém, sobretudo ao Governo, porque isso pode não fazer sentido, mas o provedor da Chamusca diz esperar que o Governo compense as instituições pelo esforço que estão a fazer. Para o presidente do Centro de Acolhimento Social do Chouto (Chamusca) a pandemia vai deixar feridas que vão demorar a cicatrizar.
Utentes que fazem hemodiálise preocupam
Uma das grandes preocupações nos lares são os doentes que têm de fazer hemodiálise uma vez que têm de sair das instituições para fazer os tratamentos. Na Misericórdia de Benavente são três, que quando regressam à instituição são desinfectados e mantidos isolados dos restantes utentes. Em Rio Maior há uma utente que é acompanhada com todos os cuidados e que é desinfectada quando sai para o tratamento e quando regressa ao lar.