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Emanuela Mira é emigrante em Inglaterra onde não existe o verbo desenrascar
foto DR Emanuela Mira diz que as diferenças entre Portugal e o Reino Unido são enormes, mas a adaptação foi fácil

Emanuela Mira é emigrante em Inglaterra onde não existe o verbo desenrascar

Engenheira civil trabalha em Londres, Inglaterra. Apesar das saudades da família, dos amigos e dos dias de sol a jovem, natural da Chamusca, ainda não tem voo de regresso marcado. Muito perto de ser mãe pela primeira vez, quer dar ao filho a possibilidade de ser um cidadão do mundo.


Emanuela Mira, 35 anos, trabalha como engenheira civil em Londres, Inglaterra. Natural da Chamusca, mudou-se para o Reino Unido há cerca de oito anos para tirar um MBA (Master Business Administration) e nunca mais regressou. “Queria adquirir mais conhecimentos na área da gestão e a construção civil em Portugal estava de rastos”, diz, explicando a O MIRANTE as razões que a fizeram emigrar.
Envolvida em projectos de infra-estruturas de grandes dimensões diz que tem um trabalho “estimulante e muito dinâmico”. O dia é passado entre reuniões e telefonemas com equipas que estão espalhadas por toda a Europa e Ásia e a gerir pessoas com quem contacta diariamente no local de trabalho. “As pessoas no Reino Unido são muito diversificadas em termos de nacionalidades, religiões e experiência profissional. Tenho dias em que sou mais diplomata do que engenheira”, afirma.
O dia de trabalho de Emanuela Mira tem cerca de doze horas. O tempo que resta é para cozinhar, ler, ouvir música, ver filmes e falar ao telefone com a família e os amigos de Portugal.
Emanuela Mira deixou a Chamusca com 18 anos para ir estudar para Coimbra. Ser engenheira civil nunca fez parte dos seus planos. Gostava de ter seguido a área da saúde, mas decidiu-se pelo caminho que lhe parecia mais seguro para ter uma vida estável. “Não me arrependo nada das decisões que tomei até agora. E se me fosse dada a oportunidade de voltar atrás, escolheria exactamente o mesmo caminho”, refere.
Apesar de trabalhar num sector em que as mulheres estão em clara minoria não tem medo de enfrentar os desafios nem as condicionantes de viver nessa realidade. “Nunca me senti desrespeitada. Onde ainda existe discriminação é em termos salariais, embora exista cada vez mais pressão nas empresas para nivelar essas discrepâncias”, sublinha.
As diferenças entre Portugal e o Reino Unido são “enormes” mas a adaptação acabou por ser fácil. Teve de aprender a viver longe da família e dos amigos, noutro clima, com outro tipo de alimentação e horários diferentes. “A mudança é enriquecedora mas custa perder algumas raízes e referências. Tenho a sensação de ser a estrangeira no Reino Unido e a emigrante em Portugal”, confessa.

“Aqui a mentalidade é ir sempre mais além”
A grande vantagem de Inglaterra em relação a Portugal é a preocupação que existe em reconhecer o bom trabalho e existirem ferramentas disponíveis para os trabalhadores progredirem na carreira profissional. “Aqui só fica estagnado quem quer porque a mentalidade é ir sempre mais além”. Isto acontece, na sua opinião, porque os britânicos são muito responsáveis, às vezes até em demasia: “Estão tão formatados que têm pouca capacidade de improvisação. Aqui não existe o verbo ‘desenrascar’”, afirma em jeito de brincadeira.
A Chamusca está sempre presente na sua vida, nem que seja pela visita a cada três meses. Se tivesse uma varinha mágica já sabia o que alterava na vila ribatejana: “Criava mais oportunidades de trabalho para a população. Isso ia trazer mais serviços, pequenos e médios negócios e mais infra-estruturas”.
Numa altura em que o mundo está a atravessar uma pandemia Emanuela Mira está à espera do seu primeiro filho. O facto de ele não nascer em Portugal e na terra que a viu crescer não é um problema, antes pelo contrário. “O meu filho vai ter uma mãe portuguesa, um pai alemão e vai viver no Reino Unido. Vai ser um cidadão do mundo”, conclui com entusiasmo.

Emanuela Mira é emigrante em Inglaterra onde não existe o verbo desenrascar

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