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O falhanço do Governo na protecção aos idosos a viver em lares 

Há duas semanas escrevi para O MIRANTE a falar no caso de uma cunhada minha que vivia o drama de estar impedida de ver a mãe há quase três meses. Primeiro porque a mãe estava inicialmente num lar do concelho de Torres Novas onde, por imposição do Estado não havia visitas e depois porque a mãe ficou doente e foi internada no Hospital de Abrantes, onde, também por imposição do Governo, estavam proibidas visitas. Escrevo agora para dizer que a senhora faleceu, no hospital.
A senhora, que nunca compreendeu porque é que a filha não a podia visitar, não estava infectada com Covid-19 como foi verificado através de teste feito na altura da hospitalização. Provavelmente nunca esteve infectada. Mas foi vítima de uma prepotência do Governo que, com o argumento de a querer proteger, a afastou da família nos últimos tempos de vida. E a família foi também vítima daquela imposição desumana.
Segundo a Direcção-Geral de Saúde (DGS) mais de quarenta por cento das pessoas que em Portugal, morreram vitimadas pelo vírus eram residentes em lares. E eu pergunto que raio de protecção de idosos em lares foi esta que os deixou morrer assim? Diz a senhora directora da DGS que é uma percentagem menor que a de outros países mas isso não serve de consolação aos familiares.
Nunca foi uma prioridade do Governo atenuar a desumanidade que é separar pessoas idosas em lares das suas famílias. E como essa separação foi feita com a justificação de os proteger e essa protecção falhou, a violência exercida sobre todos, que se mantém na altura em que escrevo, é ainda mais grave. Não foi feito qualquer esforço para permitir que as pessoas pudessem ver-se e falar quanto mais não fosse através de um vidro.
Termino com as mesmas palavras que usei para terminar a minha carta de há duas semanas. Se há restrições à liberdade esta é das mais graves a que temos assistido. É de uma violência inconcebível.
Fernando de Carvalho

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