25 de Abril virtual em Vila Franca perspectivou futuro cinzento
Eleitos temem crise severa pós-pandemia e perspectivam que vêm aí tempos difíceis
A sessão solene de comemoração dos 46 anos da revolução do 25 de Abril em Vila Franca de Xira tinha tudo para ficar na memória, mais não fosse por ter sido a primeira vez na história em que teve de ser feita por videoconferência devido à pandemia de coronavírus. Contudo, o que fica da sessão são intervenções dos eleitos mais focadas no contexto nacional e internacional e menos no concelho onde vivem, ao contrário de anos anteriores, e onde a maioria manifestou grandes preocupações sobre o que o futuro irá trazer para os cidadãos.
A crise económica pós-pandemia e como ultrapassá-la foi um dos temas mais abordados. Alberto Mesquita, presidente do município, foi o que teve menos papas na língua, avançando para a certeza que não deve haver ilusões: vêm aí tempos muito difíceis. “Os tempos que aí vêm não serão fáceis e os impactos serão severos tendo em conta a recessão económica”, lamentou. O país, notou o autarca, não tem recursos com capacidade suficiente para superar esta grave conjuntura. “É preciso uma resposta forte da União Europeia”, disse o autarca, que apresentou recentemente no orçamento da câmara um pacote de apoio às famílias e instituições no valor de três milhões de euros.
O presidente da assembleia municipal, Fernando Paulo Ferreira, lembrou que a democracia não está suspensa e que aquele órgão se tem adaptado às novas tecnologias para manter as suas sessões públicas. “Os cidadãos têm sabido dar o seu contributo para ultrapassarmos esta fase. A economia está a sofrer um revés gravíssimo e é preciso reactivar a actividade e encontrar novas formas de trabalhar e comercializar”, defendeu.
Adélia Gominho, do partido Pessoas, Animais e Natureza, lembrou que todos estão no mesmo barco mas nem todos vão sair da pandemia da mesma forma. “Sabemos que as coisas não vão ficar bem para todos, especialmente para quem ficou sem rendimentos ou viu o seu salário diminuído”, teme.
Do lado do CDS-PP, António Martins, também lamentou que se viva uma “época histórica” que fica na memória pelas piores razões. Criticou os “segredos e omissões” graves e o clima de desconfiança que reina perante alguns políticos nacionais nesta fase de pandemia.
Já João Fernandes, do Bloco de Esquerda, lembrou que liberdade sem igualdade de oportunidades e sem “justiça cega e justa para fortes e fracos e sem progresso que coloque o essencial em primeiro lugar será sempre um Abril por cumprir”. Discurso de teor semelhante ao de José Luís Vieira, da CDU, que criticou a ganância dos grandes grupos económicos que aproveitam a pandemia para acumularem lucros e dividirem esses lucros pelos accionistas.
A Coligação Mais, liderada pelo PSD, lembrou que será preciso o melhor de cada um para poder recuperar e dar a volta à situação de crise. E por fim, Marina Tiago, do PS, avisou que a atitude “exemplar” dos moradores deve continuar quando as portas do estado de emergência se abrirem.