“Não me calo, não consigo engolir tudo isto. Dá a ideia que estamos a voltar ao tempo antes do 25 de Abril. Onde está a democracia?”. Foi desta forma que o presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, reagiu na última reunião do executivo municipal à comunicação da Administração Regional de Saúde (ARS) de que está vedada ao município a divulgação diária da estatística local de casos positivos de Covid-19 por freguesias, nos casos em que há menos de três pessoas infectadas.
A ARS, seguindo as indicações dadas pelo Governo, justifica a decisão com base na protecção de dados e segredo estatístico, indo ao encontro das declarações prestadas pela ministra da Saúde, Marta Temido, em conferência de imprensa da Direcção-Geral de Saúde.
Referindo ser uma informação imprescindível para manter a população e presidentes de juntas de freguesia informados sobre a evolução epidemiológica, o autarca de Azambuja mostra-se indignado e completamente contra a decisão. No entanto, desde 20 de Abril que o município está a acatar as ordens da tutela e passou a divulgar diariamente o boletim sem discriminação por freguesias.
O líder do executivo camarário recebeu o apoio do vereador do PSD, Rui Corça, que se mostrou solidário com eventuais represálias devido à divulgação dos dados, considerando que se trata de “números úteis para evitar especulações”. “Temos a obrigação de salvaguardar a identidade das pessoas, mas também temos a obrigação de informar”, afirmou o vereador em reunião pública.
Durante as últimas três semanas a Câmara de Azambuja tinha divulgado um total de dez boletins epidemiológicos, assinalando o número de casos positivos de Covid-19 divididos por freguesias, independentemente de haver menos de três infectados pelo novo coronavírus.