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Quando a esmola é grande o pobre desconfina

Desconfinado Manuel Serra d’Aire
O coronavírus tem feito mais pela detecção de lares ilegais no país do que os fiscais da Segurança Social e das autarquias. O bicho entranha-se por tudo o que é sítio e tem trazido à luz do dia casos como o do lar ilegal da pacata aldeia do Carvalhal, em Abrantes, onde todos os ocupantes ficaram infectados. As autoridades suspeitam que o contágio teve origem numa matança de porco, o que ainda agrava mais a situação, porque, que eu saiba, as matanças de porco à moda antiga estão proibidas pela União Europeia há muito tempo (os burocratas de Bruxelas não sabem o que é bom...).
A confirmar-se essa ilegalidade os matadores e os cúmplices do assassinato premeditado do reco estão agora à pega com a ASAE, por andarem a matar porcos clandestinamente, e com a famigerada Dra. Graça Freitas, por não terem seguido as recomendações da Direcção-Geral de Saúde no que toca ao distanciamento social. Cá para mim nem sequer usaram máscaras e luvas na carnificina e patuscada que se seguiu nem lavaram a vítima com gel desifectante.
Não sei se tantos atropelos à legalidade vão ter alguma consequência e punição, mas uma coisa parece-me desde já evidente: quem se tramou no meio de tudo isto foi o pobre porco, que já nem com a famosa hidroxicloroquina se safa. É mais uma vítima colateral da Covid-19. As autoridades, primeiro-ministro incluído, desafiaram os portugueses a desconfinar e depois aparecem casos destes. Já diz o velho ditado que quando a esmola é grande o pobre desconfina. Desconfina e de que maneira...
Gosto dos eufemismos inventados pela classe política para não ferir as almas mais sensíveis. Por exemplo quando chamam inverdade a uma mentira ou inconseguimento a uma frustração. Ou seja, um mentiroso passa a ser um inverdadeiro e um projecto frustrado passa a ser um projecto inconseguido, o que em termos de linguagem acaba por ser mais suave. O presidente da Câmara de Santarém acrescentou uma expressão ao rol, ao falar das dezenas de lares “não legais” no seu concelho. Ricardo Gonçalves podia ter-lhes chamado lares clandestinos ou ilegais, mas isso soaria muito mal e daria a ideia de que se vivia num país sem rei nem roque no que toca ao acolhimento de idosos. O que, diga-se de passagem, não seria completamente inverdade.
Aleluia! Já é conhecido o brilhante vencedor da 1ª Grande Corrida dos Crematórios Ribatejanos. A medalha de ouro e a coroa de louros vão para o município de Almeirim, que bateu a concorrência de Santarém e do Entroncamento e inaugurou o seu forno antes do início de Junho. Resta agora saber quem fica com a prata e o bronze nesta renhida competição para ver quem começava primeiro a incinerar cadáveres no distrito de Santarém. À falta de melhor, cada um tem as competições que pode ou que merece. Não vamos ter nem um nem dois, mas sim três crematórios. Mais uma vez foi à grande e à... ribatejana!!! Venham de lá então esses ossos...
Saudações calorosas do
Serafim das Neves

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