Fiquei sensibilizado por ver homens feitos, toureiros, pessoas que vivem da sua arte e com vidas dedicadas à tauromaquia, acorrentarem-se aos portões da praça do Campo Pequeno a reclamar o direito a voltarem a fazer o que sabem muito bem fazer, naquele local onde, no dia seguinte, foi autorizado um espectáculo com o humorista Bruno Nogueira e a cantora Manuela Azevedo com o título “Deixem o Pimba em Paz”.
No espectáculo de Bruno Nogueira e Manuela Azevedo estiveram, que me recorde, o primeiro ministro e a ministra da Cultura. No final, António Costa disse que a única forma de responder aos problemas dos artistas é “reactivar a actividade”. Muito me indigna que isso sirva para alguns e não para outros, como os artistas da tauromaquia, que costumam actuar onde Bruno e Manuela actuaram.
Não sou um frequentador de touradas. Em toda a vida fui a três ou quatro e foi porque me convidaram. Gostei de algumas coisas, não gostei de outras. Não fiquei admirador do espectáculo a ponto de ter lá voltado a expensas minhas. Escrevo para protestar contra a discriminação das touradas. As touradas não estão proibidas. Tratem-nas em pé de igualdade.
Francisco Claro