O vereador do PSD na Câmara do Entroncamento, José Miguel Filipe Baptista, é, seguramente, o vereador da oposição mais estridente e espalhafatoso dos últimos anos mas os seus resultados políticos estão na ordem inversa da turbulência que gera. Já era assim enquanto eleito da assembleia municipal e a situação tem-se vindo a acentuar à medida que se aproximam as eleições autárquicas de 2021, nas quais deverá ser o cabeça-de-lista dos social-democratas.
Em Outubro de 2017, na lista de candidatos do PSD, à Câmara do Entroncamento, José Baptista era segundo, sendo a mesma encabeçada por Jaime Ramos, que foi presidente de 2001 a 2009, único período de tempo em que os social-democratas ganharam eleições naquele concelho. Com o passar do tempo, José Baptista, que é presidente da concelhia do partido, passou a ser o protagonista. E fala que se farta, mesmo quando pouco do que diz se aproveita.
Uma vez por outra, José Baptista conseguiu irritar o presidente da câmara, Jorge Faria, do PS, um espírito autocrático com tendência muito acentuada para ferver em pouca água. O resultado pode ser excelente para animar frequentadores de redes sociais ou cidadãos mais dados a populismos mas, olhando para os resultados das eleições locais, não parece fazer o género do eleitorado do Entroncamento.
A tendência para o exagero é outra das características do vereador. O corte de uma rua é um caos absoluto. A aprovação de uma mínima proposta, de um conjunto imenso de propostas feitas e chumbadas, é uma retumbante vitória. Se um jardim não é regado é pior que a desflorestação da Amazónia. Se o presidente da câmara, por qualquer motivo, não lhe dá a palavra, aqui d’el-rei que foi instaurada uma ditadura.
O tempo e energia gastos em problemas menores é inversamente proporcional ao gasto em temas mais importantes. A persistência também não é o seu forte. Nem a capacidade para negociar. O seu companheiro de vereação, Jaime Ramos, podia ensinar-lhe alguma coisa nessa matéria. E também lhe podia ensinar melhores formas de chegar aos eleitores. Uma coisa é trabalhar em Lisboa numa agência que gere fundos europeus, como ele, e outra é ter sido funcionário bancário, futebolista e dirigente associativo anos e anos a fio, como aconteceu com Jaime Ramos.
Fazer oposição como político local do PSD, numa terra maioritariamente socialista, exige mais que as habituais pantominices para a fotografia. E os likes e comentários do Facebook só deixam satisfeitos os que não querem ou não conseguem ver a realidade para além das ilusões. O vereador José Baptista tem-se preocupado muito consigo próprio e com a sua imagem e muito pouco com os cidadãos do seu concelho.
A gestão socialista do Entroncamento tem feito os mínimos como acontece quando o maior partido da oposição não faz oposição por falta de ideias, de estratégia e de capacidade. O PSD está vazio e não consegue encontrar soluções para si próprio e muito menos para o concelho. O vereador José Baptista tem sido de uma ineficácia a toda a prova. O presidente da câmara não podia ter uma gestão mais tranquila.