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A caça ao desobediente e uma autobiografia com relatórios de contas e tudo

Taxativo Serafim das Neves


Sabes alguma coisa dos famosos inclinómetros que iam ser colocados nas encostas de Santarém, pela Infraestrutruras de Portugal, para controlar inclinações perigosas das mesmas?
Pergunto-te porque o troço da Estrada Nacional 114 entre a ponte D. Luís I e Santarém reabriu ao trânsito, nos dois sentidos, já lá vão uns dias e ainda não consegui saber se foi com inclinómetros ou sem inclinómetros.
É que, se eles não estão lá, não uso a estrada. E não tenhas pena de mim. Se ela não me fez falta nos cinco anos e dez meses que esteve encerrada, não é agora que me irá fazer falta.
Nunca vi um inclinómetro, confesso. Nem ao vivo, nem em fotografia ou desenho, mas aquilo deve ser importante. Afinal, de cada vez que perguntavam ao presidente da Câmara de Santarém quando é que a estrada abria ele dizia sempre que isso só aconteceria depois de eles lá estarem.
Já me passou pela cabeça que os inclinómetros são uma espécie de gambozinos, esses míticos animais da nossa infância, que os mais velhos nos incitavam a apanhar, para terem os seus momentos de divertimento.
Nós pelo meio das ervas a entoar a cantilena “gambozinos ao saco” e eles na risota ou a aproveitarem para darem uns beijos e uns abraços às namoradas. Era o que faltava andarmos agora, nesta idade, pela Estrada Nacional 114, à caça dos inclinómetros com o pessoal da Infraestruturas a rir, às gargalhadas, nos gabinetes de Lisboa.
Em Abrantes os javalis andam bravos e um deles até atacou um cão. Velhos tempos em que os javalis viviam no mato e fugiam ao ladrar dos cães. Agora são cosmopolitas, vão às cidades e não gostam de ser incomodados. É do ambiente, presumo eu.
O Covid não nos larga e o desconfinamento está a dar raia. A coordenadora da Unidade de Saúde Pública do Médio Tejo disse um dia destes que alguns casos de malta nova infectada eram resultado de umas almoçaradas e jantaradas mais descontraídas. Por mim não fiquei surpreendido. Estranho seria que eles se tivessem infectado em sessões de debate político ou em tertúlias literárias.
Por falar em tertúlias literárias, o ex-presidente da Câmara de Torres Novas, o inesquecível António Rodrigues, lançou mais um livro. Chama-se “A força do sentir” e é uma autobiografia com tudo de bom que têm as autobiografias para os autores das mesmas. Que o digam os inúmeros escritores aqui da região que, com imensa força de vontade e sem terem lido um único livro, para não serem influenciados a nível literário, relataram, em tijolos de centenas de páginas, as suas fantásticas vidas e partilharam, com generosidade, as suas brilhantínicas ideias.
O livro tem três prefácios. O homem não faz por menos. Uma das prefaciadoras, Edite Estrela, diz que a biografia tem de tudo. Uma espécie de loja do chinês literária, diria eu. E entre o tudo que ela enumera estão discursos, relatórios de actividades e contas. Queres ver que o homem se enganou e publicou os livros de actas municipais?
Alguns moradores do famoso prédio de habitação social da Quinta da Mina, em Azambuja, recusaram fazer novos testes à Covid-19, depois dos primeiros, feitos há duas semanas, terem dado negativo.
O presidente da câmara diz que está preocupado, mas ele, como bom político, está sempre preocupado. E será que alguém os pode obrigar a fazer testes? Antigamente a rebeldia era elogiada. Agora já não. O Salgueiro Maia se viesse cá - neste tempo de caça ao desobediente - para fazer um novo 25 de Abril, estava bem lixado. Era logo denunciado!!
Saudações ribombantes
Manuel Serra d’Aire

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