Assaltos no Arripiado mantêm população em estado de pânico
Os assaltos na aldeia do Arripiado, Chamusca, continuam a um ritmo quase diário. O MIRANTE esteve mais uma vez no local para dar conta de novos episódios de um drama que parece não ter fim à vista.
Os assaltos no Arripiado, aldeia do concelho da Chamusca, não abrandaram mesmo depois do principal suspeito dos crimes ter sido condenado a 14 meses de prisão efectiva no início deste mês de Junho. Bruno Silva, 23 anos, continua à solta e a fazer a vida negra a uma população que admite já não saber o que dizer, nem fazer, em relação à situação aterrorizante que estão a viver.
O MIRANTE esteve uma vez mais no Arripiado, na terça-feira, 23 de Junho, junto ao Largo do Chafariz, para ouvir os relatos de cerca de uma dezena de pessoas que foram recentemente vítimas de assaltos.
Humberto Machado, 90 anos, queixa-se do roubo de duas motosserras eléctricas na quinta-feira, 18 de Junho, que estavam dentro do seu automóvel, estacionado à porta de casa. “Quando saí de casa para ir ao café reparei que tinha as portas do carro abertas e as motosserras tinham desaparecido”, conta. Dirigiu-se imediatamente ao posto da GNR da Chamusca, onde apresentou queixa formal, embora, confessa, já não acredita que os seus depoimentos valham de alguma coisa. “Há mais de uma dezena de processos contra este rapaz, num deles foi condenado a prisão, conforme já noticiaram, mas a verdade é que ele ainda anda por aqui a infernizar-nos a vida”, desabafa.
Não é a primeira vez que Humberto Machado é vítima do assaltante. No espaço de um ano já ficou sem estojos de canetas, velharias de casa e duas escadas em alumínio, guardadas numa arrecadação no interior da sua propriedade.
Um dos residentes, que também já foi vítima do larápio, contou o episódio mais recente, que para ele é digno de espanto e do estado a que se chegou: no dia 22 de Junho, segunda-feira, estava uma família a fazer um piquenique no jardim à beira-rio. O indivíduo assaltou o automóvel e roubou a mala da senhora com dinheiro e todos os seus documentos. “Resumindo, não estamos sossegados em lado nenhum”, refere o popular. Pior do que os assaltos, só mesmo o clima de medo e pânico que os residentes continuam a viver. “Uma das nossas conterrâneas não sai de casa porque sabe que vai ser assaltada”, diz outro dos presentes para justificar o medo que existe na aldeia.
Humberto Machado usou várias vezes da palavra para criticar a forma como as autoridades, incluindo as autarquias, têm ignorado o drama dos habitantes do Arripiado. “Deixar uma aldeia desprotegida desta maneira não fica bem à GNR nem ao município da Chamusca”, afirma.
Os populares fizeram ainda questão de afirmar que o alarme social, que O MIRANTE tem levado ao conhecimento público, tem levado mais vezes a GNR da Chamusca a fazer patrulhas na aldeia. “O problema é que vêm cá durante o dia quando quase todos os assaltos são realizados durante a noite”, lamentam.