A propósito da notícia com o título “Começou a caça aos pombos no centro histórico de Santarém”, a Associação Portuguesa de Falcoaria esclarece que o tipo de actividade retratado na peça não pode e não deve ser identificado como falcoaria, e que os técnicos nela retratados não podem, nem devem, ser referidos como falcoeiros.
A falcoaria é uma prática cinegética (uma forma de caça) regulamentada pela lei nacional e considerada como Património Imaterial pela UNESCO em Portugal e que merece ser protegida e correctamente difundida. A falcoaria implica uma parceria com uma ave de rapina para a captura de espécies selvagens no seu habitat natural.
Existem, de facto, actividades como o controlo de avifauna ou controlo de pragas (retratado na peça) que são realizadas com aves de rapina e usando algumas técnicas desenvolvidas no âmbito da falcoaria mas que carecem de todo o contexto necessário à prática e que se regem por princípios e enquadramento legal e ético completamente diferente.
Neste âmbito estas actividades são realizadas por técnicos e não por falcoeiros. Um exemplo, de forma a tornar tudo mais inteligível, seria alguém apresentar-se naquele mesmo local, com uma guitarra de fado e sem tocar qualquer melodia (tocando apenas notas soltas), afirmar que ali se podia ouvir um verdadeiro fado.
Sendo verdade que, quando correctamente realizadas, estas actividades podem dar um contributo na protecção da segurança e saúde de populações, é também necessário afirmar que têm um enquadramento legal e objectivos diferentes da prática da falcoaria. Por esse motivo e para bem do nosso património nacional não podem e não devem ser descritas como Falcoaria.
A actividade descrita na peça deve ser refeita como “Controlo de aves” ou “Controlo de pragas” e a pessoa que o realiza como “Técnico”. A ave de presa na reportagem é um Búteo de Harris (e não um Falcão).
Pedro Afonso
Presidente da Associação
Portuguesa de Falcoaria