Um clube de bairro no Forte da Casa que forma campeões de karaté
O clube é uma referência do karaté nacional, já tendo formado campeões da Europa, campeões nacionais e regionais. Os atletas do Forte da Casa têm sido presença regular nas galas de mérito desportivo promovidas pela Câmara de Vila Franca de Xira e o sonho é continuar a alcançar vitórias.
Ana Sofia, Rodrigo Oliveira, Rodrigo Fernandes e Guilherme Gonçalves são quatro dos quase 50 atletas que treinam karaté no pavilhão municipal do Forte da Casa. Vestem a camisola da Associação de Karaté Shotokan Pedro Carreiro, um nome maior da modalidade naquele concelho que há 25 anos treina e forma atletas de topo no karaté nacional. Aproveitando a paragem forçada por causa da pandemia, o grupo recebeu O MIRANTE para falar da modalidade e da importância de praticar desporto numa sociedade que está cada vez mais sentada no sofá.
Pedro Carreiro tem 45 anos, é natural de Alverca, onde reside, e é o sensei do grupo. É um nome conhecido do karaté daquele concelho. Apaixonou-se pela modalidade aos nove anos no Futebol Clube de Alverca e continuou como atleta durante várias décadas, sagrando-se campeão nacional e regional. Levou a bandeira do concelho a vários campeonatos da Europa e do mundo. Há duas décadas e meia decidiu criar uma associação dedicada especificamente ao ensino do karaté.
É um clube de bairro no Forte da Casa onde toda a gente se conhece e se trata como uma família, mas onde os campeões estão a dar nas vistas. Este deveria ser um ano de festa para a modalidade, com a inclusão oficial do karaté nos Jogos Olímpicos que se disputam no Japão, mas o novo coronavírus veio adiar a celebração para 2021.
“Vila Franca de Xira é um berço de campeões, com muito potencial que temos de aproveitar. Temos algumas jovens promessas e somos um bom concelho para a prática desportiva. Embora algumas coisas precisem de ser melhoradas, como os horários dos pavilhões nos meses de Verão”, considera Pedro Carreiro, acrescentando que os pais não devem ter medo de deixar os filhos treinar a modalidade. Garante que o karaté não é uma modalidade perigosa. “O karaté é a arte marcial mais genuína, mais simbólica e completa. Não é só murros e pontapés, isso qualquer pessoa aprende, aqui temos de aperfeiçoar a técnica e evoluir a mente”, conta.
Melhorar a auto-estima
Para Pedro Carreiro a modalidade nem sempre tem a atenção que merece. “Portugal é o país do futebol e as outras modalidades acabam por ser um bocado esquecidas”, critica. Todos os atletas do clube são federados, mas nem todos estão a treinar para se tornarem atletas de alta competição. Há também quem esteja a aprender a modalidade sobretudo para melhorar a sua auto-estima e poder crescer enquanto pessoa. “Treina-se muito a parte psicológica, a auto-estima e a confiança. Não apenas para situações de defesa pessoal, mas sobretudo prevenção de comportamentos agressivos como o bullying e para estarem preparados para um teste ou uma apresentação em público”, conta o responsável.
A pandemia veio trocar as voltas aos atletas e aos treinadores obrigando a treinos em casa. No último mês alguns atletas já começaram a treinar no jardim, ao ar livre, para manterem a forma. A expectativa é que a normalidade competitiva possa ser retomada em Setembro. “Além do desporto somos acima de tudo uma escola de vida, que pretende formar boas pessoas, jovens com valores, que possam ser melhores adultos no futuro. É o que tentamos transmitir, uma boa escola de vida”, acrescenta o técnico.
O clube do Forte da Casa está ligado a diversos organismos nacionais e estrangeiros, como a Federação Nacional de Karaté, Japan Karate Association, Liga Portuguesa de Karaté Shotokan e a Associação Portuguesa de Karaté Shotokan.