Certificação da caralhota de Almeirim pode ser boa para o turismo
Amílcar Dias é proprietário da Casa das Caralhotas, em Almeirim, desde 2011. Perseguiu o sonho de ter o seu próprio negócio no ramo da hotelaria e conseguiu. Não se arrepende mas diz que não há um único dia sem trabalho nem preocupações.
Amílcar Dias é proprietário da Casa das Caralhotas, perto da Praça de Toiros de Almeirim, desde 2011. É natural de Lavre, Montemor-o-Novo, mas foi em Coruche que deu os primeiros passos na hotelaria. Quando terminou os estudos seguiu as pisadas de alguns amigos que já trabalhavam na área. A tropa veio interromper a carreira profissional. Amílcar Dias ainda experimentou outras profissões como motorista de matérias perigosas, mas o sonho falou mais alto e assim que surgiu a oportunidade abriu o seu espaço em Almeirim.
Para o proprietário da Casa das Caralhotas, filho de mãe agricultora e pai escriturário, a vida de empresário tem os seus dilemas. “Gosto muito do contacto com as pessoas, é preciso muita paciência e tolerância em algumas situações com os clientes, mas se tivermos educação e muita resiliência tudo se resolve”, refere Amílcar Dias. “Tudo passa por saber tratar as pessoas como gostava de ser tratado”, acrescenta.
A caralhota de Almeirim conquistou, recentemente, o selo de certificação em Portugal, concretamente o selo de Indicação Geográfica Protegida (IGP), algo que o empresário vê com muita satisfação. “A caralhota de Almeirim já é muito conhecida a nível nacional e até internacional. Mas claro que esta certificação vai assegurar a identidade e a originalidade deste produto. Por outro lado, pode ser uma forma de atrair mais turistas, nomeadamente o turista que se desloca pelo gosto gastronómico e que sabe apreciar a qualidade dos produtos”.
No que respeita ao turismo, Amílcar Dias garante que o ano de 2020 foi o pior de sempre. Apesar de ter esperança no futuro, o empresário revela que a Casa das Caralhotas sofreu com o encerramento durante quase três meses e agora com a quebra ao nível de clientes. Em situação normal, durante os meses de Verão, a Casa das Caralhotas emprega sete funcionários, neste momento estão quatro ao serviço. “A pandemia fez cair o negócio para metade ao nível da facturação. O espaço que tenho é pequeno e para garantir o distanciamento, não posso ter dentro de casa mais que quatro a cinco mesas. Tenho a esplanada, mas também não é grande. Foi um terramoto este ano”, lamenta.
O cliente que procura a Casa das Caralhotas já tem alguma fidelidade à casa e é o que tem sido o escape deste negócio. “Os clientes habituais, do dia-a-dia, que trabalham perto e vêm almoçar continuam a ser regulares. De resto o turismo caiu a pique e há muita gente que ainda não tem muita confiança para sair e ir comer uma refeição fora”, diz.
Amílcar considera que quem trabalha por conta própria não tem um único dia de descanso. O seu dia-a-dia é bem prova disso. Depois de deixar a filha na escola, segue para as compras para o estabelecimento e pouco depois das 09h00 já está a trabalhar. E é o último a sair, já muito depois da meia-noite. “Ter uma casa minha foi um sonho tornado realidade, não me arrependo nada, mas é muita hora de dedicação”, conta.