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Mário Duarte, o padre inovador,  deixa mundo dos vivos aos 60 anos
Mário Duarte foi Personalidade do Ano de O MIRANTE, na área da Cidadania, em 2010

Mário Duarte, o padre inovador,  deixa mundo dos vivos aos 60 anos

Nasceu na Sertã, estudou em Coimbra, Abrantes e Lisboa. Passou por Itália, Inglaterra e África do Sul. Foi para Tomar como capelão militar e ficou responsável por várias paróquias do concelho. Vivia em Tomar há 25 anos e era muito acarinhado por toda a comunidade.


Morreu no dia 19 de Agosto, aos 60 anos, o padre Mário Duarte, vigário da paróquia de Tomar. O pároco estava internado no Hospital de Abrantes desde 15 de Julho com uma pancreatite. Mário Duarte fez o noviciado em Itália, estudou Teologia em Inglaterra e foi missionário na África do Sul, na altura da transição do apartheid para a democracia. Experiências que sempre encarou de mente aberta. Há 25 anos radicou-se em Tomar e o seu trabalho foi sempre elogiado e considerado inovador. O seu trabalho e a sua dedicação às pessoas foram motivos para ser distinguido com o Prémio Personalidade do Ano de O MIRANTE, na área da Cidadania, em 2010.
Em entrevista a O MIRANTE, em 2011, contava que a sua brincadeira favorita em criança, com os irmãos, amigos e vizinhos, era celebrar casamentos e fazia sempre o papel de padre. Quando frequentava a quarta classe passou um padre na sua terra e deixou a direcção do seminário no quadro da escola. Escreveu para lá sem os seus pais saberem. Com o apoio da família entrou no seminário da Consolata de Coimbra nesse Verão.
Sempre teve três vocações: jornalista, advogado ou padre. “A vida é um caminho e este percurso é cheio de dúvidas, incertezas, inquietudes e interrogações. Cheguei a estar várias vezes fora do seminário, mas regressei sempre. Cada vez gosto mais de ser padre. Sempre joguei entre estes binários: ser padre ou constituir família e ter quatro filhos, metade do que teve o meu pai”, confessou, entre risos, na entrevista a O MIRANTE.
Mário Duarte afirmava que não o chocaria se um dia a igreja decidisse que os padres poderiam casar. Mas dizia que no seu caso ter uma família seria limitativo por estar dedicado de alma e coração à comunidade. A sua família sempre foi muito religiosa, mas a mãe não queria que o filho fosse padre. O seu pai é que sempre o apoiou, mas acabou por não assistir à sua ordenação por ter falecido num acidente rodoviário três anos antes.
Questionou várias vezes o caminho que estava a seguir. Tanto que, já quando estava a estudar Filosofia na Universidade Católica de Lisboa, saiu do seminário durante alguns meses e entrou no curso de Direito, onde esteve dois semestres. Achou que a advocacia não era o seu caminho e regressou ao seminário. Acabou o bacharelato em Filosofia e seguiu para Itália, onde fez o noviciado. Foi para Tomar em Setembro de 1995 e ficou responsável pelas paróquias de Além da Ribeira, Alviobeira e Casais, onde permaneceu 15 anos, estabelecendo uma relação umbilical com a comunidade. Em Setembro de 2010 passou a ser o responsável pelas paróquias de São João Baptista e Santa Maria dos Olivais, no centro urbano de Tomar. Para o padre Mário Duarte ajudar os outros era algo tão natural como respirar.

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