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Credores dão segunda hipótese e salvam ABEI da extinção 
Miguel Branco é desde Janeiro de 2019 o presidente da ABEI de Vila Franca de Xira

Credores dão segunda hipótese e salvam ABEI da extinção 

Associação de Vila Franca de Xira deu um passo maior que a perna e enterrou-se em dívidas que chegaram a ser de 10 milhões de euros. A nova direcção tomou posse com cinco milhões de dívida e conseguiu, com o voto de confiança dos credores, salvar 230 postos de trabalho e aumentar o número de utentes.

A Associação de Bem-Estar Infantil de Vila Franca de Xira (ABEI) está salva da falência pelos seus credores e tornou-se, na última semana, na primeira Instituição de Solidariedade Social do país a ver aprovado um Plano Especial de Revitalização (PER) que lhe vai permitir reestruturar serviços e sanear as suas dívidas, que rondam os cinco milhões de euros. A situação viabiliza que a instituição mantenha portas abertas e evitará despedimentos entre os 230 colaboradores. O PER foi aprovado com 94 por cento dos votos das quase quatro dezenas de credores, sendo um dos maiores credores o Novo Banco.
A associação meteu-se em sarilhos há cerca de uma década, quando começou a investir fortemente na construção de sete estruturas e equipamentos para os quais não tinha bagagem financeira. Em causa estavam unidades de apoio à infância na Quinta dos Bacelos, Quinta dos Fidalgos e Quinta da Ponte, em Alhandra, uma unidade de cuidados continuados e quatro casas de acolhimento para crianças e jovens em risco. Quando a crise financeira bateu no bolso das famílias, o número de utentes e pagamentos das famílias caiu a pique e a direcção de então, encabeçada por Manuel Martins, foi forçada a recorrer ao crédito bancário para pagar as despesas do dia-a-dia, abrindo um buraco de dez milhões de euros.
Em Janeiro de 2019 tomou posse uma nova direcção, liderada por Miguel Branco, que tem tentado inverter o rumo da situação e salvar a associação que, diz a O MIRANTE, já tinha data para fechar portas. O dirigente confessa que se deu um passo maior que a perna e que os equipamentos vieram a revelar-se um mau investimento naquela altura. Quando a nova direcção tomou posse viu-se confrontada com a situação de nem dinheiro ter para pagar salários e impostos.
Colocou-se na altura como uma das hipóteses a extinção da associação, mas a opção acabou por passar pelo recurso a um PER e esperar que houvesse boa vontade dos credores, que acabaram por ser sensíveis à importância de manter a instituição a funcionar. Com isto, os novos dirigentes aplicaram-se numa gestão moderna e sustentável, em que o objectivo principal é captar mais utentes – vão ser 900 este ano lectivo – e evitar ao máximo despedir trabalhadores.
Miguel Branco revela que a ABEI movimenta perto de seis milhões de euros por ano, salientando que uma instituição deste nível não pode depender de dirigentes que aparecem apenas de vez em quando para assinar documentos. “Precisa de uma gestão a sério e com uma visão empresarial”, defende o dirigente.

Ordenados em dia e novas ideias para rentabilizar a instituição

Os trabalhadores têm os ordenados em dia, mas só no início de Setembro deverão receber os 75 por cento do subsídio de férias que está em falta. Reorganizar a dívida é a prioridade. A instituição vai beneficiar de três anos de carência de capital, em que apenas pagará juros sobre a dívida. Há planos para rentabilizar e poupar no essencial, mas nunca comprometendo o bem-estar dos utentes. Na área das comunicações e electricidade conseguiu-se renegociar os contratos, com ganhos assinaláveis.
A associação completou 45 anos em Maio e é um dos maiores empregadores da cidade de Vila Franca de Xira. A ABEI vai agora apostar em novos serviços na comunidade, alguns em parceria com o município, como o projecto da escola a tempo inteiro e as refeições escolares, de modo a ter mais rentabilidade. A instituição tem dois edifícios devolutos e neste momento estão a ser estudadas soluções, em conjunto com o município, para os rentabilizar.

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