Ministra da Agricultura ganhou primeiro ordenado na vindima aos 15 anos
Maria do Céu Antunes esteve no distrito de Santarém para ver como estão a decorrer as vindimas. Durante a visita O MIRANTE apanhou-a em algumas declarações mais pessoais. No Cartaxo confessou, no meio de uma vinha, que o seu primeiro ordenado foi aos 15 anos na vindima. Em Alpiarça recordou que uma das suas avós, que viveu até aos 98 anos, bebia todos os dias um copo de vinho. Ministra visitou a Adega Cooperativa do Cartaxo, um produtor local e a Quinta da Lagoalva de Cima, em Alpiarça.
Enquanto apanhava um cacho de uvas na vinha da sociedade agrícola Rui Vieira, a ministra da Agricultura confessou em tom informal e voz baixa, que o seu primeiro ordenado foi aos 15 anos na apanha da vindima. Maria do Céu Antunes não ligou ao aviso do presidente da direcção da Adega Cooperativa do Cartaxo, Jorge Antunes, de que as uvas não estavam lavadas e meteu uns bagos à boca. “Sou do campo, estou habituada a apanhar fruta das árvores e provar. Estas estão doces, doces, doces. Muito boas”, comentou, enquanto observava a vindima mecanizada que estava a decorrer.
A ministra esteve no distrito de Santarém, na manhã de quarta-feira, 26 de Agosto, para ver como está a decorrer a vindima. Vestida com roupa descontraída e informal, calçada de botas para andar na terra, Maria do Céu Antunes ouviu as explicações do viticultor Rui Vieira de que este ano a produção está a revelar-se mais baixa, mas as uvas têm um bom estado de maturação. Rui Vieira apostou na agricultura mecanizada, o que tem compensado os prejuízos provocados pela pandemia.
Do Cartaxo, onde visitou também a adega cooperativa, a ministra seguiu para a Lagoalva de Cima. Nesta quinta de Alpiarça Maria do Céu Antunes resolveu fazer mais uma confissão familiar. “A minha avó todos os dias bebia um copo de vinho daqueles pequenos como se usavam nas tabernas. No Verão bebia branco e no Inverno tinto. Nunca teve uma doença e a primeira vez que teve que ser hospitalizada foi aos 83 anos para ser operada ao apêndice. Acho que o facto de beber vinho todos os dias ajudou a que se mantivesse até aos 98 anos”.
18 MILHÕES PARA O SECTOR DO VINHO
A ministra da Agricultura realçou na visita, quando estava na Adega do Cartaxo, que o Governo disponibilizou 18 milhões de euros para o sector do vinho, para fazer face à crise provocada pela pandemia. Maria do Céu Antunes sublinhou a importância do apoio a este sector para garantir que o preço da uva não baixa e que os pequenos produtores podem continuar com a produção. A região do Tejo apresentou cerca de 350 mil euros em candidaturas. “Temos especial atenção às adegas cooperativas porque sabemos que são um motor essencial de um sector que é muito importante para a vitalidade do nosso país, sendo nós o 9º país a nível mundial que mais exporta. A Adega Cooperativa do Cartaxo apresentou candidatura ao armazenamento de crise tendo a possibilidade de ir ao limite do que é o apoio, que são 15 mil euros”, reforçou.
A governante acrescentou que na região do Tejo houve um aumento de 75% dos produtos certificados durante o primeiro semestre deste ano. “Foram dez milhões de litros de vinho que foram certificados, o que demonstra o potencial de crescimento”, sustentou.
Maria do Céu Antunes incentiva a que a agricultura evolua no sentido de processos cada vez mais mecanizados, aliados às práticas tradicionais, como forma de garantir a sustentabilidade do sector.
Preço do vinho nos restaurantes é exagerado
Há um exagero no preço dos vinhos nos restaurantes. Esta prática, que os dirigentes da Adega do Cartaxo consideram abusiva, pode impedir o consumo regular de vinho nos estabelecimentos de restauração. Jorge Antunes e Fausto Silva, presidente da direcção e director executivo da cooperativa, respectivamente, defendem preços mais equilibrados para haver mais consumo e não se prejudicar a imagem das marcas e do sector.
Jorge Antunes considera que o sector vinícola é muito importante para o desenvolvimento da região e do país, uma vez que movimenta muitas pessoas. “A Adega do Cartaxo tem 220 associados e 850 hectares. Só não crescemos mais porque não temos mais capacidade de recepção. O nosso negócio envolve uma responsabilidade social muito grande. São muitos sócios e muitas famílias que vivem disto”, reforça.
O presidente da direcção da Adega do Cartaxo elogia o facto de os jovens estarem a voltar à agricultura e ao sector do vinho. A adega, apesar da pandemia, está a recuperar as exportações, depois de terem caído entre Março e Maio. Neste momento a adega está a exportar mais que no mesmo período do ano anterior.
Administrador da Lagoalva preocupado com desinteresse de estagiários
Manuel Campilho, um dos administradores da Quinta da Lagoalva de Cima, demonstrou à ministra da Agricultura a sua preocupação com a dificuldade que tem em arranjar estagiários para trabalhar. Manuel Campilho disse que os estagiários pretendem ser enólogos e têm que aprender para isso, mas não aguentam o ritmo. “O espírito de sacrifício da geração mais nova acabou. Têm que aprender, são pagos, mas queixam-se que trabalham muito. Não sei como vai ser o futuro”, lamentou durante a visita de Maria do Céu Antunes.
A ministra provou todos os vinhos que lhe deram a degustar na Quinta da Lagoalva. Admitiu que sempre gostou mais de vinhos tintos, mas no último ano aprendeu a gostar de brancos. Confessa, no entanto, que está a aprender a escolher os melhores e que não lhe caiam mal.
À margem
Autarcas interrompem férias para receberem ministra
O presidente da Câmara do Cartaxo, Pedro Magalhães Ribeiro, e o presidente da Câmara de Alpiarça, Mário Pereira, interromperam as suas férias para acompanharem a ministra da Agricultura na visita aos seus concelhos.