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Morreu Carlos Velez, o músico  que acompanhou fadistas famosos
Carlos Velez começou a tocar guitarra aos 26 anos para descomprimir do trabalho de controlador aéreo

Morreu Carlos Velez, o músico  que acompanhou fadistas famosos

Carlos Velez vivia em Santarém desde a adolescência e acompanhou à viola Amália Rodrigues e outros fadistas. Faleceu aos 82 anos.


Um grupo de amigos de Carlos Velez despediu-se do músico, que tocava viola, com fados. Nascido em Lisboa, a 18 de Dezembro de 1937, faleceu no dia 28 de Agosto. Vivia em Santarém desde a juventude e deixa uma carreira com mais de meio século ligada ao fado, tendo acompanhado fadistas de várias gerações das quais se destacam Amália Rodrigues, Maria da Fé, Hermínia Silva, Nuno da Câmara Pereira, Ana Moura, Camané, Cidália Moreira, entre outros.
Em entrevista a O MIRANTE em 2015, Carlos Velez recordava que tinha conhecido Amália Rodrigues por acaso através de amigos comuns. Frequentava a sua casa em Lisboa uma vez que a fadista, na véspera dos espectáculos, reunia os amigos para descontrair da ansiedade dos concertos. “Ela gostava de falar comigo e eu gostava de trabalhar com ela. Era uma simpatia, muito simples e falava muito bem”, recorda.
Carlos Velez integrou também o grupo musical de Santarém “Os Marialvas”, que chegava a tocar por um queijinho e um vinho. Controlador aéreo de profissão, Carlos Velez aprendeu a tocar sozinho. Começou a tocar viola por acaso. Tinha 26 anos quando experimentou pela primeira vez. A sua profissão era stressante e sentiu necessidade de descomprimir da exigência do trabalho, que consistia em dar as coordenadas aos aviões de modo a não colidirem.
Quando o convidaram para integrar a Orquestra Típica Scalabitana (OTS) aceitou e a viola pareceu-lhe o instrumento mais acessível. Também tocava para amigos. Muitas vezes ia para a Nazaré, onde tinha casa. Juntava-se nos parques de campismo com cantoras amadoras francesas e portuguesas e cantavam. Antes de enveredar pelo fado - que na juventude nem gostava muito - fez parte de uma banda, a Xaranga Big, “muito famosa” na zona de Leiria.
Adorava Frank Sinatra e chegou a tocar Dire Straits. Só mais tarde se virou para o fado e nunca mais o largou. Sempre conciliou a música com a sua profissão e nunca quis fazer da música profissão.
Esteve na guerra colonial, em Angola e na Guiné, durante três anos. Quando regressou foi trabalhar para a Base Aérea de Monte Real, em Leiria. Mais tarde trabalhou no aeroporto de Orly, em França. Estava casado há 55 anos. Deixa três filhos, duas netas e um neto. A sua vida foi feita de viagens. O fado permitiu-lhe conhecer o mundo inteiro. Simpático e de sorriso fácil, confessava que sempre foi aventureiro. Uma vez saiu da sua casa de praia na Nazaré e foi até Istambul (Turquia). Estava sempre a contar piadas e não dispensava um cigarro enquanto conversava.

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