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Uma família do bairro de Povos, em VFX, violentada e esfaqueada
Foi no cruzamento de Povos com a Nacional 1 que o pai da menor acabou esfaqueado depois de confrontar os agressores

Uma família do bairro de Povos, em VFX, violentada e esfaqueada

Jovens que violentaram menina e esfaquearam o pai no bairro de Povos, em Vila Franca de Xira, continuaram a viver perto das vítimas durante seis meses, em absoluta impunidade, até que a PJ os deteve. A família teve de aprender a viver com a presença dos agressores, que lhes causaram mazelas físicas e psicológicas.

Passaram seis meses até que a Polícia Judiciária detivesse, no bairro de Povos, em Vila Franca de Xira, os três suspeitos de agredirem uma menor e esfaquearem o pai desta, na via pública. Durante esse tempo estiveram sempre ali, no bairro onde também moram as duas vítimas, que tiveram de enfrentar o receio de que o episódio se repetisse. Um dos suspeitos ficou em prisão preventiva, os restantes estão sujeitos a apresentações policiais e proibição de contacto com as vítimas.
A O MIRANTE, o homem que acabou esfaqueado seis vezes depois de confrontar os suspeitos que agrediram a sua filha, de 13 anos, conta que a sua família teve de viver seis meses com o medo de sair de casa. “A minha filha raramente saiu sozinha depois disso, porque estiveram sempre aqui. Cruzamo-nos várias vezes com eles depois do que nos fizeram”, diz.
A adolescente está a receber acompanhamento psicológico desde essa data. É a mãe que fala por ela e pede por justiça que tarda em ser feita. “Quero que paguem pelo que fizeram ao meu marido e à minha filha”, diz, vincando que, ao contrário do que foi avançado inicialmente por alguns órgãos de comunicação social, a menor sofreu agressões de cariz sexual mas “não foi violada”.
Habituados a ver patrulhamento policial no bairro onde vivem há mais de 20 anos, e sabendo a polícia do paradeiro dos agressores, dizem não compreender tamanha demora na detenção. “Até pensei que não fosse dar em nada porque andaram seis meses até os deter e eles aqui”, refere a mulher.
Um dos suspeitos, o mais velho, já tinha antecedentes criminais por ilícitos ligados a roubo, furtos em estabelecimentos, tráfico de droga e ameaça com arma de fogo. O mais novo, de 17 anos, estava em fuga de um centro tutelar educativo quando se envolveu no crime.

Pai recorda dia do esfaqueamento
Viu a filha sair “com olhos de choro” da casa-de-banho, ao final da tarde de 27 de Março. Depois da pergunta “o que se passa”, ouviu a resposta que “nenhum pai quer ouvir”. Contou que tinha sido agredida com puxões de cabelo e apalpões no corpo por três jovens quando voltava para casa, na companhia de um amigo que também sofreu agressões. Foi então que saiu de casa e encontrou os agressores no cruzamento de Povos com a Estrada Nacional 1. Dirigiu-se ao mais velho, de 23 anos, e antes de terminar a frase foi esfaqueado na boca, com uma navalha.
Seguiram-se mais cinco esfaqueamentos, nas costas, no abdómen e no peito, até que o deixaram na berma da estrada e se puseram em fuga. “Fui para casa pelo meu próprio pé. Senti que estava ferido, mas não percebi que tinha sido esfaqueado. Senti o sangue escorrer-me pela barriga e só ao tirar a camisola vi o estado em que estava”, conta.
No hospital da cidade, um dos agressores dava entrada nas urgências com uma mão cortada. “Fiquem calados ou da próxima não é de faca, mas de tiro, disse-nos”, recorda a esposa e mãe das vítimas. Apresentaram queixa nesse dia, no interior do hospital. “A PSP disse para me acalmar porque eram conhecidos da polícia. Foi por isso que estiveram seis meses para os deter?”, questiona.
Seis meses após o esfaqueamento, a vítima que pede para não ser identificada, ainda apresenta mazelas que podem “ser para a vida”. Ficou um mês e meio de baixa e com 20 por cento de incapacidade no braço esquerdo devido à facada no peito, junto ao ombro. É motorista de veículos pesados e “ter de conduzir com um braço assim” tornou-se penoso.

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