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Fátima SAD falha primeiro jogo e está à beira do abismo
foto DR O grupo de trabalho do CD Fátima está a treinar nos arredores de Lisboa e faltou ao primeiro jogo do campeonato

Fátima SAD falha primeiro jogo e está à beira do abismo

O futuro adivinha-se muito negro para a sociedade anónima desportiva, que tomou conta do futebol sénior do Centro Desportivo de Fátima, e deixou um rasto de dívidas na cidade, ao ponto de ter ficado sem estádio para jogar. No domingo a equipa não compareceu ao jogo contra o Caldas e perdeu na secretaria. A SAD enfrenta um processo de insolvência e parece ter os dias contados.


O Centro Desportivo (CD) de Fátima é mais uma vez notícia por más razões. O plantel sénior do clube, a poucos dias de começar a disputar o Campeonato de Portugal, deixou de treinar no estádio municipal da cidade por causa de dívidas à Câmara de Ourém resultantes da utilização do recinto. A equipa tem treinado no complexo desportivo da Damaia, na zona de Lisboa, e no domingo, na primeira jornada do Campeonato de Portugal, não compareceu no jogo fora contra o Caldas, sofrendo uma derrota administrativa por 3-0.
Em comunicado, a administração da SAD justificou a ausência com “razões administrativas” junto da Federação Portuguesa de Futebol, que impediram a inscrição dos atletas. E diz ter os seus advogados a trabalhar para resolver a situação, prometendo agir em conformidade “para salvaguarda dos interesses desportivos desta época” e reparar os “danos colaterais que nos estão a causar, quer financeiramente quer reputacionalmente”.
A SAD, que está a atravessar um processo de insolvência, tem uma dívida de cerca de 46 mil euros à Câmara de Ourém e ficou impedida de utilizar o Estádio Municipal Papa Francisco. Este poderá ser o princípio do fim do projecto da SAD do Fátima, uma vez que o município, presidido por Luís Miguel Albuquerque, antigo atleta e presidente do clube, sempre foi um dos seus principais parceiros. Recorde-se que a SAD do CD Fátima é controlada pelo Lleon Group, dos empresários Noel Gomes e Mário Lopes, que detém 70 por cento das acções.
O padre António Pereira, presidente do CD Fátima e que, por inerência, tem assento na administração da SAD, embora sem funções executivas, diz a O MIRANTE não ter conhecimento do que tem sido feito pela estrutura de futebol e que existe um claro afastamento dos dirigentes com o resto do clube e cidade. “Acho que a direcção não se integrou devidamente na nossa região e, sobretudo, em Fátima. São pessoas distantes e que nunca quiseram assumir uma relação de proximidade com as pessoas que já fazem parte da mobília da casa há muitos anos”, afirma.
Esta postura da parte da administração da SAD, nas palavras do sacerdote, tem originado uma perda de identidade do CD Fátima. Os plantéis júnior e sénior, geridos pela SAD, não têm qualquer jogador residente no concelho. Em relação aos juniores, o padre diz mesmo não saber sequer se vai haver equipa. “O que sabemos é que temos oito jovens jogadores do concelho que vão subir ao escalão júnior, e que vamos ter de enviá-los para outras equipas”, lamenta.
Para não perder totalmente a presença de atletas do concelho no clube, vai ser criada uma nova equipa sénior para competir na 2ª Divisão Distrital de Santarém. “Queremos dar competição aos atletas e apoiar os jovens que querem continuar a praticar desporto. Queremos também voltar a trazer mística ao clube e à cidade de Fátima”, sublinha.
DÍVIDAS E UM TREINADOR QUE NÃO CHEGOU A COMEÇAR A ÉPOCA
Como O MIRANTE noticiou na edição de 6 de Agosto, desde que, há cerca de um ano, o Lleon Group passou a ser o accionista maioritário da SAD do CD Fátima o emblema tem vivido dias complicados. O início do descalabro deu-se com a saída de nove jogadores do plantel principal por salários em atraso. De seguida surgiu um pedido de insolvência da SAD, ainda por resolver, requerido pelo ex-director desportivo, Paulo Neto Santos, também devido a salários em atraso.
A má gestão da SAD estende-se a outras empresas e pessoas do concelho de Ourém, que reclamam dívidas relacionada com a falta de pagamento de rendas e outros serviços prestados ao clube.
Recentemente, e com todos estes problemas por resolver, contrataram o antigo internacional brasileiro, Carlos Mozer, para treinador e líder de um projecto que pretendia transformar o CD Fátima num exemplo de excelência desportiva sem nunca descurar a sustentabilidade e o rigor financeiro. O técnico decidiu abandonar o clube, no início de Setembro, por ter encontrado uma realidade totalmente diferente da que esperava. Entretanto, Luís Lourenço assumiu o comando técnico da equipa.

As SAD não fazem falta ao futebol distrital

Francisco Jerónimo, presidente da Associação de Futebol de Santarém (AFS), diz não conhecer com pormenor o projecto da SAD do CD Fátima. A O MIRANTE, o dirigente confirma que esteve reunido com alguns elementos da SAD do clube há cerca de dois meses, mas diz que as ideias que foram “vendidas” são contrárias à realidade que agora se conhece.
Na sua opinião pessoal, as SAD não fazem falta ao futebol distrital, no entanto, ressalva, não pode generalizar, uma vez que nos casos de Almeirim e Santarém existem boas relações. “O problema destas entidades surge a partir do momento em que não se conhecem as caras de quem está por trás dos projectos, como é o caso do Fátima”, sublinha.

Treinadores que marcaram a diferença

Rui Vitória e João Henriques, são dois bons exemplos de treinadores que colocaram o CD Fátima no mapa do futebol nacional. Rui Vitória, natural de Alverca, estreou-se como treinador principal de séniores no Fátima, em 2006, tendo promovido a equipa à segunda liga nacional de futebol. João Henriques, natural de Tomar, dirigiu os comandos do clube em 2015, foi campeão distrital conduzindo o Fátima de volta aos campeonatos nacionais.

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