O partido das paredes de vidro está todo estilhaçado em Alpiarça
Filantropo Manuel Serra d’Aire
O PCP de Alpiarça anda em polvorosa com a saída do vice-presidente da câmara, Carlos Pereira, a um ano do fim do mandato, chateado com o camarada presidente Mário Pereira. Os comunistas não são muito dados a estas guerrilhas de bastidores e as coisas devem ter-se agravado com a exposição pública resultante da entrevista que Carlos Pereira deu a O MIRANTE, onde diz que quem manda no município é o chefe de gabinete do presidente, João Osório. Em Alpiarça, o partido das paredes de vidro está todo estilhaçado. E os amanhãs que cantam não prenunciam maviosas melodias nos tempos mais próximos, apesar de a substituta de Carlos Pereira no executivo até ser uma conhecida fadista local.
Registo com agrado a tua preocupação com a classe profissional dos carteiristas, uma das mais flageladas e menos apoiadas nesta crise de pandemia que vivemos e que ninguém sabe como e quando acabará. É verdade que fogachos como a Festa do Avante e as peregrinações em Fátima ainda são oportunidades para os mais afoitos sacarem uns cobres. Mas a vida está mesmo difícil para os larápios com esta história dos transportes públicos circularem com lotações limitadas e sem a malta toda ao monte tipo sardinha em lata, que é o ambiente perfeito para o gamanço. Para cúmulo da desdita, as autoridades de saúde querem um 13 de Outubro sem peregrinos na Cova de Iria, o que, a concretizar-se, é motivo mais do que suficiente para qualquer devoto carteirista perder a fé.
Segundo rezam as crónicas, o PS e o PSD montaram um cenário para dar a entender à opinião pública que os futuros presidentes das comissões de coordenação e desenvolvimento regional (CCDR) vão ser escolhidos pelos autarcas de cada uma dessas áreas territoriais, o que até à data não acontecia. Mas as coisas não serão bem assim. Dizem as más-línguas que se trata de um esquema bem urdido entre os dois partidos do centrão para dividirem os lugares, escolhendo à partida quem é candidato em cada CCDR (há 5 no país) e servindo o prato já cozinhado e pronto-a-comer aos autarcas, que se vão limitar a digerir quem lhes foi enfiado goela abaixo pelos directórios nacionais dos partidos. É comer e calar!
Curiosamente, não vi até agora nenhum autarca desta região preocupado com o assunto ou a gastar latim sobre esta situação. Talvez porque não queiram afrontar os chefes partidários nem arranjar sarilhos desnecessários com quem vai gerir os dinheiros dos fundos comunitários que aí vêm. Além disso, para o ano há eleições autárquicas e é melhor não fazer ondas nem chatear quem manda...
No caso dos autarcas do distrito de Santarém, o cenário é caricato a dobrar, porque vão participar na eleição do presidente da CCDR de Lisboa e Vale do Tejo – território a que pertencem administrativamente – mas quem lhes vai continuar a distribuir o bodo dos fundos comunitários são as CCDR Centro (no caso dos municípios do Médio Tejo) e CCDR Alentejo (no caso da Lezíria do Tejo). Uma autêntica esquizofrenia de deixar a cabeça à roda!
Saudações outonais do
Serafim das Neves