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Excesso de mortalidade não Covid em Portugal 
Vítor Paulo Martins

Excesso de mortalidade não Covid em Portugal 

A mortalidade em Portugal em 2020 é muito superior à de 2019. Só em Julho de 2020 morreram 10.390 pessoas, cerca de 26% mais que em Julho de 2019 e destas apenas 1,5% estão relacionadas com a pandemia a Covid.
Importa reflectir sobre esta situação porque também no mesmo período, diminuíram as consultas médicas, as cirurgias programadas e as urgências hospitalares. O medo instalou-se tendo as rotinas e as avaliações médicas sido esquecidas ou adiadas.
Temos agora situações de enfarte do miocárdio e AVC que chegam às urgências para além das janelas terapêuticas ideais, deixando sequelas, por vezes graves.
A mortalidade cardiovascular está a aumentar de modo insidioso.
Temos hoje doentes cardíacos mais frágeis por estarem mais sozinhos no dia-a-dia.
Há que recuperar as boas práticas anteriores à pandemia, com avaliações clínicas e realização de exames necessários e obrigatórios para situações bem definidas.
Sabemos também que a patologia cardiovascular é a situação que acarreta maior risco de mortalidade na presença de Covid, pelo que se a protecção individual é importante, igualmente o equilíbrio dos factores de risco (diabetes, hipertensão, dislipidemia, aterosclerose, doença coronária conhecida, patologia renal e outros) não podem ser esquecidos.
Cansaço e falta de ar são geralmente sintomas de problemas cardíacos. As arritmias não controladas e não tratadas podem levar a um desfecho fatal.
Deste modo salienta-se que deve continuar a recorrer ao seu médico de modo regular e sempre que tenha sintomas novos. Estará mais seguro e mais protegido no contexto de infeções de qualquer índole.
Lembre-se que as doenças não Covid são muito mais importantes e graves que qualquer tipo de infecção viral, pelo que o caminho deve ser sempre pela prevenção e pela antecipação dos eventos clínicos.
*Médico Cardiologista e Arritmologista, Director Clínico da Clínica do Coração
Santarém, Director do Serviço
de Cardiologia do Hospital de Santarém.

Excesso de mortalidade não Covid em Portugal 

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