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“O PS está unido e vai ganhar  as próximas autárquicas em Benavente”
António Rabaça é militante do PS desde 2019 e presidente da concelhia de Benavente desde Fevereiro de 2020

“O PS está unido e vai ganhar  as próximas autárquicas em Benavente”

Apesar das demissões, das posições divergentes e do silêncio sobre a retirada de confiança política ao vereador Pedro Pereira, o presidente da concelhia do PS de Benavente, António Rabaça, diz que o partido está “melhor que nunca”. Em entrevista a O MIRANTE, acusa a CDU de estar no grau zero da gestão autárquica, fala num novo candidato socialista à câmara e rejeita estar a liderar um PS desunido.


Com as eleições autárquicas a menos de um ano e o Partido Socialista em Benavente a atingir picos de tensão com cinco demissões de militantes, uma retirada de confiança política ao vereador Pedro Pereira e posições divergentes, António Rabaça, presidente da concelhia socialista deixa uma garantia: “O PS está unido e vai ganhar as próximas autárquicas em Benavente”.
Em entrevista a O MIRANTE, António Rabaça, fala de um novo candidato a presidente de câmara que vai ter “visão estratégica e uma ideia para o futuro do concelho”, como “pessoa competente na área da mobilidade suave, ambiente, gestão do território e urbanismo”. E, ao que parece, a vereadora Florbela Parracho, que se demitiu do secretariado da concelhia, não será opção para figurar no topo da lista. “Pessoalmente, e do ponto de vista ético, entendo que os funcionários da câmara - como é o caso da vereadora - não deviam concorrer a eleições do próprio órgão. A lei devia impedir isso”. Mas a autarca não está excluída, admite depois.
Do que António Rabaça tem certeza é que já viu “Portugal ganhar um campeonato europeu de futebol, o Festival da Eurovisão e a Fórmula E”, mas ainda não viu “a maioria CDU ter alternância, o que seria bom para o futuro do concelho”. “Isto não vai lá com um presidente a mandar calar o vereador; ou com este a dizer cale-se que eu é que lhe pago o ordenado”, critica António Rabaça, defendendo que “é preciso cortar com a actual gestão CDU e começar outra forma de fazer política”.
Sobre a mão cheia de demissões na concelhia, António Rabaça é peremptório: “Quem saiu é porque quis e porque entendeu que não tinha nada a dar ao partido. O PS está de boa saúde e recomenda-se”. Quanto à retirada de confiança política ao vereador, Pedro Pereira, votada por 15 dos 19 militantes que compõem os órgãos da concelhia, não há arrependimentos ou receios de ficar manchada a imagem do partido. “Tinha de haver consequências pela gravidade do que foi escrito”, salientou, referindo-se ao anúncio feito por Pedro Pereira, a pelo menos um militante, de que se estaria a preparar para ser candidato independente à Câmara de Benavente, em 2021.
Ainda sobre as polémicas entre a concelhia e os dois vereadores eleitos pelo PS, nomeadamente sobre o papel dos bombeiros na sociedade, António Rabaça diz que “o PS foi vítima de uma rasteira através de desabafos pessoais feitos em nome do partido”. Ter dois vereadores, critica, a “dizer que os bombeiros não são heróis e que estão apenas a desempenhar o trabalho deles, tal e qual como se fossem escriturários, é no mínimo uma questão polémica”, à qual a concelhia não quer estar vinculada.

“Quem entra em Benavente não percebe se está
em 2020 ou em 1979”
Falando do poder comunista que governa Benavente há várias décadas, considera que o executivo CDU faz obras que são um “autêntico desperdício de dinheiros públicos”, dando como exemplo a ciclovia da Barrosa ou a requalificação da estrada das Vagonetes cujos passeios “têm apenas 50 centímetros”. E critica que se gastem milhões de euros com o próprio funcionamento da autarquia: “A primeira vez que li um orçamento da câmara a despesa com pessoal rondava os cinco milhões de euros, no actual está perto dos oito milhões. Através dos meios digitais e sub-contratação de serviços devia ter baixado para haver mais dinheiro para investir naquilo que os munícipes necessitam”.
“Quem entra em Benavente não percebe se está em 2020 ou em 1979. Ainda vivemos no grau zero da gestão autárquica neste concelho que é feio e atrasado”, anuncia, apontando o que não existe, o que está mal e o que faz falta: “Não temos mobilidade eléctrica, temos bicicletas de uso partilhado que estão fechadas há seis anos num barracão da câmara, temos uma ciclovia que ficou quase ao preço de uma auto-estrada, não temos uma cultura de mobilidade suave com ruas pedonais, não temos uma separação adequada dos resíduos, não temos actividade cultural, mas temos um cinema que deixou de funcionar porque não deve haver 30 mil euros para comprar uma máquina digital”.
Quanto à auditoria da Inspeção-Geral das Finanças à Câmara de Benavente, o presidente da concelhia socialista defende que “se o presidente da câmara entende que não há nenhuma ilegalidade que divulgue o relatório publicamente e deixe que sejam os munícipes a ajuizar por si”. Isto porque, para António Rabaça, a denúncia sobre o investimento municipal no campo de futebol da Murteira, em Samora Correia, “é grave”. “Estamos a falar de meio milhão de euros do orçamento a ser investidos num terreno que não pertence à câmara. Parece-me uma decisão leviana”, diz.
Por sua vez, defende que uma das medidas prioritárias para melhorar a segurança no concelho, devia ser a criação de polícia municipal, uma recomendação já descartada pelo executivo CDU. Faz notar que “todos os concelhos que são dormitórios optam por essa via, para que possam fiscalizar, regular e acompanhar tudo o que é a actividade da câmara em questões de trânsito, obras e sinalização”, deixando a GNR “livre para a investigação criminal”.

Aproximar o partido da população
Os níveis de abstenção nos últimos anos não deixam margem para dúvidas: “Há pessoas que se estão completamente nas tintas para a política local. Em Samora Correia, a freguesia mais populosa do concelho, lembra, a taxa de abstenção foi superior à média nacional nas últimas eleições autárquicas ganhas pela CDU com “20 por cento dos eleitores, o que é uma minoria que envergonha qualquer político”.
É para contrariar esta tendência que António Rabaça diz estar a trabalhar numa política de proximidade, dinamizando “sessões com a população na sede do partido”, com o objectivo de “recolher os problemas que a afectam e levá-los às reuniões de câmara”. Através da voz da vereadora, Florbela Parracho? Não, e aí é que está a surpresa. “Vai ser através do partido. A vereadora sabe que essa é uma das suas obrigações, não precisamos de lhe ensinar como deve exercer a sua função”, justifica, acrescentando que esta decisão “não é contra a vereadora, é, sim, política partidária”.

Não se consegue fazer política sem a máquina partidária

António Rabaça nasceu em Castelo Branco há 59 anos e reside há 30 anos no concelho de Benavente, onde também trabalha como engenheiro agro-industrial. Embora na juventude tenha começado a interessar-se pela política, nunca se filiou em nenhum partido, até ao ano passado. Uma militância tardia, que surge para “combater a actual gestão CDU” e porque, defende, “a política activa só se desenvolve no seio dos partidos” através dos quais se consegue ter opinião e fazer com que seja ouvida.
Estreou-se na política em 2013, como eleito pelo PS na Assembleia Municipal de Benavente e em 2017 também ocupou o seu lugar na bancada. Em 2018, renunciou ao mandato, alegando razões pessoais. Em 2019 foi eleito presidente da concelhia socialista, depois do seu antecessor Pedro Pereira sofrer pressões para deixar o cargo. Ser candidato a presidente da câmara, diz, não é nem nunca foi ambição sua.

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