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Família de Tofu aguarda por justiça há mais de nove anos 
Tofu está desde 2011 preso a uma cadeira de rodas, depois de um violento acidente de automóvel

Família de Tofu aguarda por justiça há mais de nove anos 

Última sessão do julgamento, no Tribunal do Cartaxo, foi adiada porque juíza estava em isolamento profilático. Pais de Gonçalo não escondem desespero e revolta pela inércia dos decisores.



A família de Gonçalo Neves, mais conhecido por Tofu, preparava-se para mais uma audiência no Tribunal do Cartaxo, a 12 de Outubro, quando, dias antes, recebeu um requerimento a dizer que o julgamento foi novamente adiado. Desta vez porque a juíza estava em isolamento profiláctico por ter estado perto de uma pessoa com Covid-19. Não existe ainda uma nova data para a sessão do julgamento mas os pais de Gonçalo, Sandra Martins e Óscar Neves, não acreditam que seja ainda este ano.
A família está há nove anos a aguardar que se faça justiça pelo acidente que deixou o jovem, na altura com 20 anos, paraplégico e preso a uma cadeira de rodas. Sandra e Óscar não escondem o desespero por não verem o processo encerrado e os apoios chegarem. “Tudo o que poderia acontecer de mau neste processo aconteceu. Durante quatro ou cinco anos conseguimos aguentar as despesas, mas neste momento já não”, confessa Sandra Martins a O MIRANTE.
Actualmente, os pais de Gonçalo só têm capacidade para pagar três sessões de fisioterapia por semana e já não conseguem pagar terapia da fala. Sandra Martins conta a O MIRANTE que o Tribunal do Cartaxo condenou a seguradora da empresa do camião, Generali, que embateu contra o carro onde seguia Tofu e um amigo, a pagar uma indemnização de mais de um milhão de euros. A sentença foi proferida em 2017, mas até agora a família, residente em Alpiarça, ainda não viu um cêntimo.
Além da indemnização, a seguradora vai ter que pagar obras de adaptação da casa onde Gonçalo vive, um carro adaptado e todas as despesas médicas desde o dia do acidente até ao fim da vida de Tofu.
O processo de recurso está parado no Tribunal da Relação de Évora à espera que o Tribunal do Cartaxo decida se a seguradora do carro em que Gonçalo seguia também tem direito a ser indemnizada. “Estamos desgastados fisica e emocionalmente. Todos os dias eu e o meu marido levamos o Gonçalo pelas escadas, com a cadeira e o nosso filho às costas. É um peso brutal. A nossa casa não está adaptada para as necessidades do Gonçalo e já gastámos todo o nosso dinheiro. A seguradora está a fazer tudo para adiar o pagamento e esquece-se que é um ser humano que está em causa, que precisa de cuidados diários”, critica Sandra Martins.
Tofu vai fazendo fisioterapia de acordo com as possibilidades financeiras da família. Óscar Neves reformou-se para poder acompanhar o filho e Sandra Martins trabalha apenas de manhã para à tarde estar disponível. São eles que vão exercitando o filho para que não perca massa muscular. Sandra e Óscar Neves fizeram um pedido à Segurança Social, há quase dois anos, para que seja instalado um elevador para facilitar a mobilidade de Gonçalo. Também o Centro de Reabilitação de Alcoitão prescreveu uma nova cadeira de rodas, porque a actual já não é a ideal. A família continua à espera que o processo chegue ao fim e que se faça finalmente justiça.

Sonhava com carreira militar
Gonçalo Neves, actualmente com 30 anos, sofreu em Setembro de 2011 um grave acidente de automóvel, tendo ficado em estado vegetativo devido a um traumatismo crânio-encefálico. Os pais nunca desistiram de recuperar o filho e procuraram respostas clínicas em Portugal e em Espanha. O jovem esteve cerca de três anos numa clínica em Santiago de Compostela, tendo apresentado algumas evoluções. Tiveram que regressar a Alpiarça quando as poupanças acabaram.
Tofu era militar voluntário desde Abril de 2011 e tinha como objectivo entrar na Academia Militar. No final de Agosto de 2011 foi passar uns dias a casa. Na noite do acidente resolveu ir com um amigo ao Cartaxo mas no regresso, cerca da uma da madrugada, na Estrada Nacional 3, na zona de Vila Chã de Ourique, tiveram um acidente de automóvel que envolveu um camião. O amigo partiu apenas um dedo tendo o embate com o veículo pesado sido todo do lado de Gonçalo Neves, que conduzia a viatura.

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