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Dia de Finados foi mau para o negócio das flores
Arminda Ribeiro. Francisco Santos. Fátima Batalha. Fátima Santos

Dia de Finados foi mau para o negócio das flores

Na região os cemitérios estiveram abertos no Dia de Finados, mas isso não bastou para animar o negócio dos floristas. As restrições impostas à circulação entre concelhos, devido à pandemia, trocaram as voltas a muita gente. Comerciantes de Alverca, Benavente, Samora Correia e Vila Franca de Xira falam em quebras de 60 por cento.

O ano já estava a correr mal para quem vive do negócio das flores, que tem sofrido com a falta de casamentos, baptizados e festas tradicionais, mas o que não previam era que no Dia de Finados em que habitualmente há um pico de vendas, o cenário se repetisse. Os cemitérios abriram, mas as flores ficaram por vender. As quebras foram na ordem dos 60 por cento.
Na florista de Arminda Ribeiro a época de Finados seria uma altura em que não faltava trabalho, mas este ano as limitações de última hora devido à pandemia de Covid-19 trocaram-lhe as voltas. “Quando soube da proibição da circulação entre concelhos já tinha encomendado as flores, agora fico com o prejuízo”, diz a O MIRANTE a florista que há 15 anos está estabelecida em frente ao cemitério velho de Alverca do Ribatejo.
Para evitar mandar para o lixo os arranjos florais que ficaram por vender, Arminda Ribeiro decidiu este ano dar-lhes outro destino: “Vão para o cemitério. Em todas as campas sem flores vou deixar o que me sobrou”. Traduzindo em números, tinha previsto vender 100 arranjos, só no domingo, 1 de Novembro, mas vendeu 10.
No mercado de Vila Franca de Xira, Fátima Batalha, florista há 26 anos, não tem memória de um Dia de Finados tão fraco. Dois molhos de margaridas, seis de crisântemos e uma vela. Foi o que vendeu até às 12h00. “Até em semanas normais se vende melhor”, diz. Se não fossem as restrições nas deslocações entre concelhos, não tinha sido tão mau para quem tem muitos clientes que moram no concelho, mas são do Norte.
“Estava convicto que ia vender mais e correu-me mal”, atira Francisco Santos, rodeado de caixas com arranjos e vasos de flores a meia dúzia de passos do cemitério de Samora Correia que esteve aberto e podia receber 400 pessoas em simultâneo. “É que este é sempre um dia tão bom que nos alargamos mais nas compras. Agora olhe, vai tudo para o lixo daqui a dois ou três dias”, confessa.
Grande parte dos seus clientes eram famílias que vinham de outros pontos do país rumo ao cemitério para a tradicional visita anual, por isso a venda esteve tão baixa. Para ter tido menos prejuízo, diz, bastava o Governo ter avisado das limitações mais cedo. “Embora seja totalmente contra elas. Foram uma facada no coração dos portugueses”, avisa depois.
A contrariar esta tendência, embora com algum prejuízo, está Fátima Santos, que tem loja junto à Igreja Matriz de Benavente e num hipermercado em Samora Correia. A florista optou por este ano mudar a estratégia e passou só a fazer arranjos ao ritmo das vendas. “Assim consegui evitar algum prejuízo e desperdício”, diz. Mas nem por isso as vendas foram animadoras, à semelhança do cenário geral. “60 por cento das flores que vendia eram para cemitério e desde Março que caiu para 10 por cento”, diz, revelando que para os Finados reduziu em 50 por cento a encomenda habitual.

Joaquim Alves não se deixa assustar pela pandemia e marcou presença no cemitério onde ajudou a limpar a campa de um familiar

Cemitério do Entroncamento com pouco movimento

O dia 1 de Novembro, que costuma encher o cemitério do Entroncamento, este ano foi pouco participado e mau para os floristas. O MIRANTE foi ao cemitério a meio da manhã e encontrou cerca de uma dezena de pessoas a cuidar das campas dos seus defuntos.

Germana Alexandre, 79 anos, esperava no carro pela filha e pela cunhada que estavam dentro do cemitério do Entroncamento a cuidar da campa dos familiares na manhã de 1 de Novembro, Dia de Todos os Santos e véspera de Dia de Finados. Germana Alexandre tem consigo duas máscaras e um frasco de gel mas nada disso lhe deu segurança suficiente para sair do carro. “Sou hipertensa e diabética, sou doente de risco”, confessou.
Este ano o negócio das flores foi um desastre. Paula Pereira montou a banca à porta do cemitério enquanto conversava com O MIRANTE. “Já aqui estive no sábado e foi muito fraquinho. As pessoas não podem circular entre concelhos e então vieram durante a semana, não esperaram pelo último dia para comprar flores”, lamentou, reconhecendo que as pessoas este ano apostaram mais nas flores artificiais, que são mais baratas.
Apesar da pouca afluência, muitos jazigos e campas encontravam-se cuidados e floridos. Joaquim Alves, de 71 anos, cuidava da pedra tumular de um familiar e confessou que a pandemia não o assusta.
Maria Ruivo, 60 anos, tinha terminado a limpeza do jazigo do pai, quando contou que trouxe por iniciativa própria os materiais que precisava. “Temos de trazer as coisas de casa, porque deve ser assim, até comprei um regador. Temos sempre de pensar o que é preciso fazer aqui e trazer o material para facilitarmos esta missão sagrada de homenagem aos nossos entes queridos”, desabafou.

Governo aprova linha de crédito para o sector das flores

Numa tentativa de minimizar o impacto da pandemia no sector das flores, o Governo publicou recentemente o Decreto-Lei nº 80/2020, que cria uma linha de crédito de 20 milhões de euros, com juros bonificados dirigida aos produtores de flores de corte e plantas ornamentais. A linha de crédito destina-se a disponibilizar meios financeiros para aquisição de factores de produção, para fundo de maneio ou tesouraria, designadamente para a liquidação de impostos ou pagamento de salários.

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