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Moradores do Covão do Coelho desprezados pelo município
População de Covão do Coelho andou pela aldeia a mostrar ao repórter de O MIRANTE as armadilhas que a população tem que ultrapassar diariamente

Moradores do Covão do Coelho desprezados pelo município

A população do Covão do Coelho sente-se desprezada e abandonada pelo município de Alcanena. O motivo prende-se com os transtornos que as obras de saneamento básico, iniciadas há dois anos, estão a causar.


As obras de saneamento básico no Covão do Coelho, freguesia de Minde, concelho de Alcanena, tornaram-se num verdadeiro tormento para os habitantes da aldeia. A empreitada, da responsabilidade da Câmara de Alcanena, está parada há cerca de oito meses e deixou a aldeia de pernas para o ar.
As ruas estão esburacadas, o piso está quase todo por alcatroar, a canalização é de plástico e está ao cimo da terra e existem vários algares na via pública que colocam em perigo os transeuntes. Para piorar a situação, os habitantes vivem, desde sempre, sem rede de saneamento básico, embora paguem o serviço como se a ele tivessem acesso.
O MIRANTE foi ao Covão do Coelho, na manhã de uma sexta-feira e reuniu, no Largo da Igreja, com cerca de uma dezena de moradores que falaram em nome dos cerca de 800 habitantes, afirmando sentirem-se desprezados e abandonados pela autarquia.
A cerca de uma centena de metros do largo está um algar (buraco no solo provocado pela passagem da água das chuvas) que já provocou vários acidentes. Duas das vítimas, José e Alberto Galo, pai e filho, caíram, há alguns meses, dentro do buraco. Ambos afirmam que as chapas metálicas colocadas para tapar o buraco (na foto) são inseguras e o perigo espreita, sobretudo para as crianças que brincam na rua.
Um dos moradores mais agitados diz que os tubos de plástico colocados no exterior das casas, que servem de canalização de água, são das intervenções mais absurdas que já viu. Conta que durante o Verão é quase impossível tomar banho devido ao sobreaquecimento dos tubos por causa das altas temperaturas. E prevê-se que durante o Inverno a situação seja oposta e que a água venha gelada.
Ao longo dos dois anos que duram as obras, perde-se a conta ao número de vezes que as mesmas foram interrompidas. Normalmente demoram meses a recomeçar. Os prejudicados são sempre os mesmos: a população. Quem o diz é Maria da Graça Castanheira que, em conjunto com Velvet Vieira, são das moradoras mais inconformadas e indignadas com esta situação.
Contam a O MIRANTE que as últimas enxurradas provocaram vários prejuízos em algumas casas e superfícies comerciais, devido às inundações. Na ponta da língua têm sempre prontas as farpas lançadas ao executivo camarário de Alcanena, presidido por Fernanda Asseiceira (PS), que acusam, “só se lembra da aldeia de quatro em quatro anos, na altura de ir comer um frango assado às festas, para caçar alguns votos”.
A presidente da Junta de Freguesia de Minde, Fátima Ramalho (PSD), contactada por O MIRANTE, afirma que tem procurado sensibilizar o executivo municipal de forma a que interaja com a população que espera ansiosamente por respostas e solução para o problema. “A Câmara de Alcanena é a dona da obra e devia preocupar-se com a situação em que os moradores do Covão do Coelho vivem”, reitera.
“Estamos saturados e precisamos que os autarcas que gerem o concelho façam alguma coisa para dar tranquilidade e condições às pessoas que aqui vivem”, dizem quase em uníssono as pessoas que entretanto vão chegando ao centro da aldeia enquanto o repórter vai tomando nota das reclamações.
problema é o litigio ENTRE EMPREITEIROS
As obras de execução da rede de saneamento de águas residuais do Covão do Coelho estão paradas por falta de entendimento entre o empreiteiro e o subempreiteiro. A mesma situação vive a localidade vizinha de Vale Alto. Fernanda Asseiceira, presidente da Câmara de Alcanena, confirmou a situação a O MIRANTE, mas garantiu que o desentendimento já foi resolvido e que as obras vão retomar em breve. A autarca afirma ainda que a conclusão da empreitada está prevista para Abril de 2021.
Fernanda Asseiceira faz “mea culpa” e admite que os constrangimentos da empreitada de saneamento colocam em causa, inevitavelmente, o município, que é o dono da obra, e lamenta os transtornos que os desentendimentos entre os empreiteiros causaram, e ainda causam, na população. A empreitada de execução das redes de saneamento de águas residuais do Covão do Coelho e Vale Alto foi adjudicada à empresa TOELTA – Gestão de Investimentos e Concessões, Sociedade Anónima, pelo valor de 2.068.563 euros mais IVA. A subempreitada foi entregue à empresa Dreamfields Lda. Os trabalhos começaram no início de 2019 e o prazo de execução era de 365 dias.

À margem

A visita de O MIRANTE ao Covão do Coelho foi solicitada várias vezes nos últimos tempos por moradores que não se conformam com a situação caótica das ruas onde vivem.
A presidente da Câmara de Alcanena, Fernanda Asseiceira, foi acusada várias vezes de partidarite, irresponsabilidade, de não ter respeito pela população da aldeia, entre outros mimos que os leitores bem podem deduzir lendo esta reportagem e sentindo o que é viver numa aldeia com a lama à porta, e em muitos casos dentro de casa.
Mas O MIRANTE não foi poupado também por alguns moradores que nos acusaram de estarmos ao serviço da autarquia e de, por isso, termos demorado tanto tempo para irmos fazer o nosso trabalho. A foto da presidente de câmara que saiu recentemente na última página de O MIRANTE também foi pretexto para acusarem o jornal de proteger a autarca, e de lhe fazermos o servicinho de escondermos as mazelas da sua gestão.
Fica aqui a nota para que conste: o repórter de O MIRANTE trouxe a história do povo da aldeia de Covão do Coelho, que vive há dois anos no meio da lama, mas não deixou de trazer também o lodo das ruas por termos demorado algum tempo a dar voz ao povo.

Algar surgiu depois das intempéries do final de 2018

A história de um buraco com dois anos e muitas promessas

O buraco no quintal de Maria da Graça Castanheira, residente no Covão do Coelho, está há dois anos para ser tapado.

Maria da Graça Castanheira é uma das moradoras do Covão do Coelho que falou com O MIRANTE no dia da reportagem na aldeia. A conversa trouxe outro assunto à liça que diz respeito ao facto de a moradora ter, no quintal da sua habitação, um buraco que está há cerca de dois anos para ser tapado.
O algar surgiu nas intempéries de Dezembro de 2018. À época, a Câmara de Alcanena enviou técnicos à casa de Maria da Graça que se limitaram a colocar estacas no terreno, situação que, diz, permanece igual até hoje.
O algar no quintal de Maria da Graça Castanheira já foi notícia por duas vezes em O MIRANTE. O vereador Luís Pires (PS), que detém os pelouros das Obras Municipais por Administração Directa e Rede de Águas e Saneamento, explicou ao nosso jornal, em Janeiro deste ano, que verificaram que as antigas condutas de águas pluviais estavam entupidas, o que provocou um rebentamento e o abatimento dos terrenos.
Como a situação foi entretanto resolvida, Luís Pires prometeu que o buraco iria ser tapado no início deste ano. Maria da Graça Castanheira lamenta que a promessa do vereador ainda não tenha sido cumprida.

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