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Os vereadores vegan, o bêbado iluminado e o salvamento das tascas

Degustador Serafim das Neves
Eu que habitualmente não vou a restaurantes, ando a treinar para começar a ir. Quero ser solidário. Vou partir em missão de salvamento. Quero ajudá-los a sobreviver, seja como for. A minha prioridade são que fazem almoços a dez euros, com jarrinho extra, baba de camelo incluída e bica com cheirinho. Quanto aos que servem micro doses a preços xis, xis, éle, vou deixar que sejam os clientes habituais a tratar do assunto, para não ser visto como um salvador/açambarcador.
Tinha bilhetes para ir a Albufeira a uma peça de teatro de um grupo amador, chamado “Bifana no Pão”. Era uma tragédia chamada “Engasguei-me com a Língua da Sogra”, ou coisa parecida. Comprei para várias sessões em vários dias dos fins-de-semana prolongados. Foi de propósito para poder circular livremente pelos concelhos daqui até lá. Planeei a viagem toda. Os bilhetinhos eram o meu salvo-conduto.
Eram, digo bem, porque os tipos do Governo já vierem dizer que os bilhetes para espectáculos não servem para andarmos por onde queremos. Cambada de inimigos da cultura. Só não peço a devolução do dinheiro porque o pessoal do “Bifana no Pão”, tem que sobreviver à pandemia. E eu sem teatro não sou ninguém.
Mas nem tudo é mau para os actores. Ali em Tomar, por exemplo, por causa destas limitações, o grupo Fatias de Cá não pode fazer nada, e não fazer nada, como sabes, é a maior alegria que podem dar a gente daquela. São eles e nós. O lema do grupo é qualquer coisa como “Não resistir a uma ideia nova nem a um bom vinho velho”. Nem a um bom petisco ou a uns dias de sorna, acrescentaria eu, sem medo de errar.
Quando passar o pandemónio, lá irei a uma representação deles para aviar um bom petisco, que eles metem sempre comida para os espectadores no meio das peças que apresentam. Comer e beber dá mais substância à representação, como sabes.
Mas se nas artes é assim, na política há gente muito enjoadinha, benza-a Deus. No Entroncamento os vereadores do PSD e a vereadora do BE, quiseram impedir a instalação de um Burger King numa zona residencial. Será que votariam de forma diferente se fosse para a abertura de um restaurante vegan? Enfim, o que vale é que há uma maioria socialista de muito boa boca, que até uma roullote de coiratos era capaz de aprovar.
Também no Entroncamento, houve aquele homem que interrompeu a missa para aconselhar os cristãos a saírem de África. Quando o padre se aproximou, provavelmente para lhe perguntar se queria comungar ou beber um Porto Ferreira especial para missas, ele disse-lhe duas vezes a frase bíblica, “Cala a boca”. O sacerdote não percebeu mas aquela expressão é muito usada em certas religiões quando se quer pedir a alguém para tapar a garrafa.
Mais tarde a polícia esclareceu tudo. O homem estava bêbado e foi levado a casa, por cortesia... Enfim... há bêbados que de repente começam a falar fluentemente alemão ou a tocar piano melhor que o Rachmaninov. Aquele deu-lhe para pregar a libertação de África. Resta saber se quando chegou a casa fez algumas carícias, digamos assim, à mulher. Mas se o fez, está desculpado. Se estava bêbado, foi o vinho o culpado, não é verdade?!
Saudações filantrópicas
Manuel Serra d’Aire

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